domingo, 31 de dezembro de 2006

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Colheita 2006

Para os clientes do costume, aqui fica a lista das canções que mais me animaram os ouvidos no ano que passou (com uns salpicos ainda de 2005...)

Quanto à categoria Melhor Album, a lista resume-se a:

1 - TV on the Radio - "Return to Cookie Mountain"
2 - Camille - "Le Fil"
3 - Bonnie Prince Billy - "The Letting go"
4 - Merz - "Loveheart"

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

quarta-feira, 20 de dezembro de 2006

Catalogo



É verdade, aqui está outro livro da minha autoria! (e sim, este mês tenho tido pouco para fazer)
Desta vez é um pequeno catálogo com 40 imagens do meu trabalho artístico. As que podem ser vistas em www.danieljskramesto.com e mais algumas.
Assim já podem mostrar a minha ouvre aos amigos (ou à vossa senhora da limpeza) sem terem de ligar a internet.

segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

O reverso da medalha

A propósito dos dois ultimos posts:
Ontem fui a uma festa em casa de uns amigos que têm um quadro meu. É pequenino, está colocado no quarto deles de maneira que só se vê do interior quando a porta está fechada e mostra apenas as costas de dois homens abraçados (não há rabos nem pirilaus).
Um dos convidados da festa, gay e avançado na idade, embora aparentemente tenha gostado do quadro, à minha frente só se lembrou de dizer: - É uma pouca vergonha! o que é que a mulher da limpeza vai pensar?
Passaram-me pela cabeça uma data de comentários menos simpáticos que podia fazer mas preferi ficar calado. É que já é suficientemente triste perceber que há pessoas que nunca vão dar a si mesmas uma hipótese de serem genuinamente felizes.


PS - Quanto à senhora da limpeza dos meus amigos, por coincidência é a mesma que limpa a minha casa, pelo que está perfeitamente habituada a ver rabos e pirilaus nas paredes. ...e nunca se queixou, antes pelo contrário.

domingo, 17 de dezembro de 2006

Titulo



É uma das minhas imagens novas e não tem título. Aceitam-se sugestões.

sábado, 16 de dezembro de 2006

Felicidade

Felizmente, 99% das vezes, a felicidade alheia é contagiante.

Esta semana vi três homens gay no metro, todos com mais de 55 anos. Eram daqueles que, em separado, conseguem passar por taxistas, contabilistas ou funcionários de repartições públicas.
Tinham ido às compras juntos e conversavam sobre o que iam fazer para o jantar. Algo de perfeitamente banal, mas eles estavam tão felizes, alegres e despreocupados que era contagiante. Dava gosto olhar para eles e fiquei a pensar que quero ser (ainda) assim quando passar dos 55.

Pergunto-me porque é que não vejo disto mais vezes? Gente publicamente feliz e despreocupada com mais de 55 anos só costumava ver na Noruega. Aqui em Portugal é raríssimo, ainda por cima se forem gays.

Contei isto como o meu milagre de Natal (A minha nova ligação de internet funcionando não conta porque paguei por ela, apesar de tudo).

PS- Como é que tenho a certeza que eram gays? Quando se levantaram para sair do metro, um deles beliscou os outros dois no rabo.

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Jeans team



Faz tão bem ouvir boa música pop em lingua que não o inglês...
Visitem http://www.myspace.com/jeansteam e ouçam a canção "Koenigin"

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

Richard Jobson

Graças à minha nova e super-rápida ligação à internet, inscrevi-me finalmente na loja do iTunes onde consegui desencantar esta pérola de album que procurava em vão há mais de 15 anos.



Durante pouco mais de um ano tive este album gravado numa cassete até que, num trágico dia, a fita deve ter parecido muito apetitosa a um gravador que a mordiscou sem piedade.
A cassete provinha de um vinil duplo editado pela disques du crépuscule, há muito esgotado, pertença de um primo que vejo muito pouco. Durante anos procurei-o em todos os países que visitei e, se alguma vez passou a formato CD, deve ter sido recentemente. Há coisa de dois anos, quando me voltei a lembrar de o procurar, avistei o vinil num leilão do e-bay e, apesar do preço escandaloso, quase me desgracei (mesmo não tendo já um gira-discos...)

Hoje, estes belíssimos momentos de música-literatura regressam aos meus ouvidos e a magia que me encantou quando o descobri em 1992 (o disco é de 1982!) ainda lá está.
É um disco estranho, em que Richard Jobson, mais declamador que cantor, se socorre de personagens de Marguerite Duras, melodias de Eric Satie ou rendilhados da guitarras de Durutti Collumn, para nos levar a um sítio onde o tempo, as histórias e as emoções convergem sob a forma de palavras-som.
Ouve-se como se lê um romance. É hipnótico mas exigente para o ouvinte. A mim, marcou-me para sempre e é daquelas coisas que sinto que formou a minha identidade. Passou quase a fazer parte da minha personalidade

É recomendável para snobs culturais com um mínimo de bom gosto e para fãs incondicionais de Marguerite Duras.

Finalmente!

Depois de 3 meses de espera, eis que uma decente ligação de internet ADSL me chega ao lar/escritório!
É como deixar de olhar pela fechadura para passar a estar sempre de porta aberta.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2006

Ediçao Especial

Depois de me chegarem à mão os primeiros exemplares de "Pequenas histórias de amor e sexo" achei que valia a pena publicar também uma outra versão do livro, mais próxima da que eu tinha idealizado inicialmente e que juntava aos textos algumas imagens do meu trabalho de pintura.
É claro que esta nova versão é num formato maior, tem muito mais imagens e são 160 páginas a cores. Daí que a primeira versão simples custe 7.33 euros e esta custe 26 euros... Enfim, a escolha é do freguês.

http://www.lulu.com/content/562863

domingo, 3 de dezembro de 2006

Inesperadamente, Africa

Esta Sexta-feira o meu diafragma (músculo entre os pulmões e estômago) resolveu ter uma contracção e deixar-se ficar (contraído). Provavelmente nunca vos aconteceu uma destas, mas posso relatar que não é uma coisa nada agradável. Não se consegue encher os pulmões por completo porque cada inspiração provoca dores excruciantes.
Como mal me podia mexer resolvi ficar na cama sossegadinho a ler (devorar), primeiro " A agencia de mulheres detectives número 1" e depois "As lágrimas da girafa", os dois primeiros volumes da excelente série de livros escritos por Alexander McCall Smith sobre Mma Ramotswe, a primeira mulher detective do Botswana.

http://www.randomhouse.com/features/mccallsmith/books.html

No Sábado fui finalmente visto por duas médicas, ambas simpáticas angolanas que fizeram o favor de me apalpar, radiografar e espetar seringas no rabo. E, enquanto esperava que os músculos relaxassem, descobri no meu iPod o delicioso album "Dimanche à Bamako" do duo do Mali, Amadou & Mariam e tenho-o ouvido até à exaustão (merci Nu-nô!).

http://www.amadou-mariam.com/

O Domingo levou-me um pouco mais para o norte de Àfrica. A semana passada comprámos uma máquina de fazer pão e eu resolvi experimentar fazer um pão com Kamut, um cereal utilizado pelos antigos egípcios mas que tinha caído em desuso durante milhares de anos até que alguns grãos encontrados num túmulo egipcio por volta de 1949 germinaram e hoje já se planta um pouco por todo o mundo. Veredicto: o pão dos faraós era bastante bom.

www.kamut.com

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Adeus e obrigado

Duas palavrinhas para o realizador Robert Altman, um dos grandes cineastas que já nos deixou. Bem haja.

Mata e Esfola em: "Depois do Jantar"

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Diamanda Galas


Magnífico concerto de Diamanda Galás ontem à noite no CCB. É muito higiénico ir a concertos capazes de nos limpar a alma de modo tão eficiente.

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Fast tv food

Já há muito tempo que não postava uma receita. Aqui vai uma das minhas favoritas para consumir com o rabo sentado no sofá frente à televisão (usar tijela funda).

Sopa de frango com leite de côco

2 peitos de frango
1 caldo knorr
1 lima
1 lata de leite de côco
1 lata de grão
Coentros
Caril

Cozer os peitos de frango num litro de água com o caldo knorr, o sumo da lima e um pouco de caril.
Quando estiverem cozidos, desfiar a carne e juntar o leite de côco e o grão. Deixar ferver mais um pouco e servir com coentro picado por cima.

Nham Nham!

e como foi o teu fim-de-semana?

Este fim de semana baldei-me ao trabalho e saí de casa para respirar um arzinho cultural.

A tarde de sábado foi passada na FNAC para assistir ao lançamento de "Rio da Glória", o novo romance de Possidónio Cachapa.
(já li metade mas guardo comentários para quando o acabar)
Graças a uma boa recomendação, saí de lá também com "Salazar, agora na hora da sua morte" de João Paulo Cotrim e Miguel Rocha, uma banda desenhada que mergulha na figura do ditador e na iconografia portuguesa da altura com uma destreza e ousadia impressionante. É imprescindível ler (e ver). Corram a comprá-lo.

Domingo fui meter-me noutro buraco escuro, desta vez a Culturgest, para a sessão de filmes premiados do Cinenima. Foi bom para os olhos e para o cérebro. Destaque para a curta metragem "The Danish poet", cheia de piadas escandinavas e com a soberba (e muito irónica) narração feita por Liv Ullman.

As noites foram passadas em frente à tv, viciado na série "Prison Break" (que é indiferente ao cérebro, mas tem uns rapazitos que alegram os olhos).

E tenho saudades de apanhar ar fresco... Mas, se serve de desculpa, tenho andado constipado.

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Cotao nos cantos do mundo


Hoje estou a rebentar de contente. O meu livro infantil "Cotãozinho e os seus irmãos" (ver link no título do post) que tinha sido aceite na International Children's Digital Library o ano passado (http://www.childrenslibrary.org/) foi agora escolhido para ser um dos títulos de livros infantis a figurar no protótipo do OLPC (http://www.laptop.org/)

O projecto One Laptop per Child criou um novo computador desenhado por especialistas para um projecto humanitário que pretende proporcionar uma poderosa ferramenta de aprendizagem criada especialmente para as crianças mais pobres que vivem nos lugares mais remotos do mundo. O resultado é uma harmonia singular de forma e função; uma máquina flexível, de custo ultra-baixo, energeticamente eficiente, responsiva e durável, com o qual muitas nações do mundo emergente podem saltar décadas de desenvolvimento—transformando imediatamente o conteúdo e a qualidade do aprendizado de suas crianças.

A International Children's Digital Library disponibiliza livros infantis de todo o mundo para visualização e leitura gratuita via internet. É um dos provedores de conteúdos para o protótipo do OLPC.

domingo, 12 de novembro de 2006

O meu novo livro


Era uma vez um escritor que tinha sete contos guardados numa gaveta. Uns eram grandes, outros pequenos, mas todos tinham sido escritos com a liberdade que se encontra nas mais escuras horas da noite.

Durante dois anos os contos esperaram para sair da gaveta, o seu destino posto pelo escritor nas mãos de editores que, quando os liam, imaginavam que aquelas palavras seriam capazes de lhes trazer ruína financeira ou eterna vergonha. Assim, preferiam remeter-se ao silêncio e fingir que não sabiam da sua existência.

Mas os sete contos, como fantasmas, assombravam o escritor que constantemente se via obrigado a tomar conta deles, lendo-os vezes sem conta e mudando uma vírgula aqui, um ponto ali, e às vezes descobrindo sinónimos para substituir palavras que pareciam murchar com o tempo.
O escritor sabia que a única maneira de exorcizar os contos era cristalizá-los em páginas impressas, pois quando as histórias chegam às mãos dos leitores, passam a habitar dentro deles e deixam o escritor em paz.

Assim foi que, num dia em que navegava na internet, o escritor descobriu um sítio para a gaveta dos sete contos. Ordenou-os num livro a que chamou “Pequenas Histórias de Amor e Sexo” e deixou-o onde qualquer leitor o poderia descobrir.
Despedindo-se dos sete contos, o escritor olhou um pouco desconsolado para a sua gaveta vazia de histórias. Felizmente, ele sabia de algumas que, com tempo e paciência, a poderiam voltar a encher…

"Pequenas histórias de Amor e Sexo" está exclusivamente disponível em:
http://www.lulu.com/content/501977
Pode ser comprado em versão impressa ou em download de PDF.
(No preview podem ser lidas várias páginas do conteúdo)

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Uma vida real

Conheci o meu amigo R. há 7 anos no chat room de um site gay. Na altura ele tinha 50 anos e preparava-se para ganhar coragem e contar à mulher e filhos que era homossexual. Foi difícil. Seguiu-se o divórcio e tempos difíceis em que ele tentava explicar aos 2 filhos, uma rapariga de 17 e um rapaz de 23, já casado e com filhos, o que se passava e porque é que tinha tomado tal decisão naquele momento da sua vida. A rapariga acabou por aceitar, o rapaz cortou relações com o pai.

Entretanto o R. conheceu o T. e começaram uma relação que durou 3 anos. Passaram a viver juntos e de cada vez que eu encontrava o R. online ele contava-me com alegria deslumbrada a descoberta de uma vida sexual e afectiva que nunca julgara possível. Aos 52 anos descobria que gostava de piercings, cabedal negro e tatuagens. Investiu nos 3. E inscreveu-se com o namorado num ginásio.

Finalmente, o tímido bancário era feliz e ia-me enviando fotos do namorado, do piercing no mamilo, da tatuagem no ombro e dos músculos que surgiam do nada.

Depois, de repente, durante quase um ano o R. sumiu-se da net e o seu nome deixou de aparecer no meu messenger. Quando voltou fiquei a saber que o seu filho se tinha suicidado porque não conseguia viver sabendo que tinha um pai homossexual (deixou isso escrito na nota de suicídio). Isso levou a que o R. mergulhasse numa depressão que acabou por minar a relaçao que tinha com o T. Agora são só amigos.

O R. já não é o mesmo. Vive sózinho e cada vez que troco algumas palavras com ele, onde antes achava uma alegria contagiante, passou a haver uma grande grande escuridão.

Hoje, enviou-me uma foto da sua tatuagem mais recente. É a foto do filho com as datas de nascimento e morte. Tatuou-a no braço. Depois disse-me "Agora já posso ter o meu filho comigo para sempre".
E eu fiquei sem palavras durante vários minutos.

Aviso aos amigos Brasileiros no Brasil


O excelente documentário realizado pelo meu amigo Kenneth vai passar no Festival Mix Brasil na próxima semana. Não percam! (Em Portugal espero que passe no festival gay e lésbico do próximo ano...)


Festival Mix Brasil 2006
http://www.mixbrasil.org.br/f_panorama_raballder.shtml


Raballder / Hullabaloo
(Kenneth Elvebakk, 2006, Noruega, 52 min.)
Como diz Henning Nygard, 25 anos, "não se vêem atletas abertamente gays na Noruega; acho que é por causa dos vestiários, e o fato de que 'homo' ainda é usado como insulto, nos esportes".
O documentário, do mesmo diretor de “O Clube Secreto” (eleito pelo público o melhor documentário do Festival Mix Brasil 2004), entra no mundo do time de handball gay Raballder ("hullabaloo"), formado por jogadores cheios de humor, vulnerabilidade, esperteza, resistência e afetuosidade. Eles jogam na 4ª divisão, enfrentando times caretas, e o fascínio que exercem se explica por alguns deles se transformarem de bibas estereotípicas em atletas agressivos quando saem em campo, desafiando expectativas de gênero e sexualidade. Alguns desses atletas têm por ídolos célebres jogadoras escandinavas de handball. O filme mostra, também, as famílias e os amigos dos jogadores, seus trabalhos, férias e festas. E, é claro, jogos e torneios.
 
Onde e quando assistir:

SP
UNIBANCO 1 - 13 NOV (SEG) 20H
RJ
CCBBcin - 24 NOV (SEX) 15H
CCBBcin - 29 NOV (QUA) 19H
DF
CCBB - 3 NOV (DOM) 19H

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

Correndo sobre o vazio

É um bocado difícil uma pessoa concentrar-se e sair-se com trabalho ou conversa inteligente quando só se pensa em dinheiro.
Tenho passado as últimas semanas ao telefone armado em cobrador. Olho para a colecção de facturas que não me pagam desde Julho e acho que posso vir a ficar rico. Olho para o meu extracto bancário e acho que os meus últimos tostões deviam ser investidos na compra de um taco de basebol a utilizar nos clientes como se usa nas pinhatas.
O pior é que isto não é só comigo, é com Portugal inteiro. Como é que eu posso exigir que alguém que não tem dinheiro (porque, por sua vez, também não lhe pagam) me pague a mim?
Num universo económico em que os pagamentos que legalmente deviam ser feitos a 30 dias são logo à partida verbalizados para 60, desculpados para 90 e desavergonhadamente adiados para 120, onde fica o limite que rebenta a corda?
Só alguém muito desfasado da realidade é que se surpreenderá quando houver um colapso económico no País. Portugal continua a existir por pura boa vontade de quem trabalha e de quem se acomoda.
Da minha parte, estou mesmo disposto a comprar o taco de basebol (embora provavelmente vá acabar por ter de recorrer à vassoura que já há cá em casa)

terça-feira, 7 de novembro de 2006

na paz das estrelas

10 da manhã de terça-feira.
Apenas meia dúzia de almas penadas se babavam frente aos adereços, desenhos, fatos e parafernália diversa da magnífica
exposição da Guerra das Estrelas no museu da electricidade.
Ide, que vale a pena, principalmente em horários inóspitos.



Aproveitei para tirar fotografias até ficar sem memória (na máquina).

sábado, 4 de novembro de 2006

(in)Cultura visual


Pelas mais diversas razões, eu não gosto de logotipos. Quanto mais não seja, porque são uma das maiores fontes de poluição visual no trabalho do designer gráfico (é o feitiço contra o feiticeiro).
Recentemente passei a receber no meu email a newsletter do Bloco de Esquerda (pelo mesmo motivo que recebo a da Sociedade Protectora dos Animais e a da Galeria Zé dos Bois: sabe Deus porquê). Raramente a leio porque só de olhar para o logotipo no cabeçalho fico irritado. Tal como a suástica (que era um símbolo simpático na origem) nunca mais se vai conseguir limpar das conotações nazis, eu não consigo olhar para o símbolo do Bloco de Esquerda sem me lembrar de iogurtes e de gente burra.

cockspotting


A vantagem do Galo de Barcelos sobre a nossa senhora de Fátima é que as suas aparições têm tendencia para ser muito mais surpreendentes. Desta vez avistei-o na segunda temporada da série televisiva Weeds (que continua bastante recomendável). ...Qualquer dia chega às páginas da Wallpaper como must-have-ethnic-bibelot!

terça-feira, 31 de outubro de 2006

domingo, 29 de outubro de 2006

Deadwood em DVD

Eu sei que já escrevi muito sobre a série Deadwood neste blog, mas agora é só para avisar que a primeira temporada foi finalmente editada em DVD em Portugal.
Já podem correr à FNAC para comprar a melhor série de televisão jamais feita.

sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Hong Kong Editiong


A minha primeira compra no ebay chegou hoje no correio. Já percebi porque foi tão barato...

sábado, 21 de outubro de 2006

The Glass Books of the Dream Eaters



E se Júlio Verne tivesse visto os filmes do Matrix e o Eyes Wide Shut?
Fosse esse o caso e era bem provável que se tivesse saido com qualquer coisa parecida com "The Glass Books of the Dream Eaters", o primeiro romance de Gordon Dahlquist. Um história em formato de folhetim rocambolesco que, ou muito me engano em breve tornará o seu autor milionário com o dinheiro que vai ganhar com as vendas do livro, os direitos para cinema, os jogos de computador e as figurinhas de plástico.

Estou há duas semanas a devorar as mais de 750 páginas, tão lentamente quanto a minha voracidade permite, para que não acabe logo. É bom que ainda haja livros capazes de me fazer sentir como se tivesse 12 anos outra vez... Passagens secretas, principes raptados, máquinas estranhas, assassinos com escrúpulos, cabalas e rituais misteriosos, sexo lésbico e do outro, senhoras desmaiadas, monóculos, comboios a vapor, dirigíveis, veludo, sangue, pistolas, punhais, sabres... que mais se pode pedir? Está lá tudo! (ok, não tem vampiros, nem dragões... mas nem fazem falta!)

Fica na prateleira ao lado do Tolkien, J.K Rowling, Phillip Pullman, e Susanna Clarke.

domingo, 15 de outubro de 2006

Fotografar a Arquitectura

O silêncio da semana passada deveu-se à viagem de comemoração dos meus 33 outonos.

Eis um dos momentos altos da viagem em imagens:



(e agora sim, publicando finalmente imagens de um gato, este é um blog digno desse nome)

domingo, 1 de outubro de 2006

Nip Tuck - temporada 4


Ver a série de televisão Nip tuck é um dos meus prazeres culpados. É uma mistura telenovelesca de carros, mamas, rabos, lençois de cetim e cirurgia plástica capaz de satisfazer a Paris Hilton que vive dentro de todos nós.

Infelizmente, a primeira temporada era relativamente boa, mas a segunda foi o barco a afundar-se e, na terceira, a qualidade entrou num submarino e foi explorar as profundezas do oceano. O ultimo episódio dessa temporada foi mesmo uma ode ao mau gosto e um insulto à inteligência.

Ainda assim, por mera curiosidade, resolvi ver os primeiros episódios da quarta temporada. Ao que parece, os argumentistas devem ter levado nas orelhas e a coisa está mais recomposta. Devem-se também ter feito umas análises à audiencia e passaram a mostrar mais nudez masculina e acrescentaram um pouco de te(n)são gay entre os protagonistas (só lhes fica bem!).
Ok, ainda não está redimida mas vai por um caminho mais interessante...

quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Pergunta ao publico em geral

Se tivessem de convidar um artista plástico português para ilustrar um clássico da literatura portuguesa... quem seria o artista e qual seria o livro?

domingo, 24 de setembro de 2006

O Livro da Selva


Não costumo publicar aqui o trabalho do meu alter ego, mas esta capa ficou catita.
Brevemente nas livrarias.

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Irritado e de mau humor

Eu preferia ter uma daquelas profissões em que os clientes não hesitam em pagar imediatamente a seguir ao serviço prestado.

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Galactica

Graças à encomenda via Amazon, esta semana viu-se cá em casa a segunda temporada de Battlestar Galactica. (Para quem ainda não sabe, é simplesmente uma das melhores séries de televisão actuais).
Acabou deixando-nos com um nózinho na garganta, mas com vontade de saber quem mais terá um novo penteado, barba ou bigode na terceira série! ...e ainda dizem que as pessoas não mudam...



Infelizmente o que mudou da primeira série para a segunda foi a qualidade da música. Começaram a aparecer uns lapsos de pífaro irlandês à la Titanic. Vou fingir que não os ouvi...

terça-feira, 19 de setembro de 2006

Onde se poderia desculpar o logotipo do novo jornal sol?

- Na newsletter de um aldeamento turístico em Almansil
- Num bronzeador de loja de desconto
- Numa fundação de caridade para crianças autistas
- No festival do carapau de uma aldeia piscatória
- Na furgonete de um agrupamento musical que anime arraiais e casamentos
- Numa chinela de plástico
- Numas raquetes de praia
- Numa geleira de esferovite
etc..

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

Quinta da Regaleira


Este fim de semana fui à Quinta da Regaleira em Sintra por motivos de trabalho. Recomenda-se vivamente a visita a essa Disneylandia da maçonaria mesmo a quem já lá esteve antes. Abriram finalmente ao público todos os andares da casa, incluindo os terraços com as suas vistas soberbas sobre os dois palácios e o castelo. Está também patente uma interessantíssima exposição sobre o cenógrafo-arquitecto Luigi Manini.

sábado, 16 de setembro de 2006

Adio, adieu...


Hoje cá em casa viu-se o último episódio de Will & Grace. O ultimozinho das 8 temporadas, nós que papámos todos os 192 episódios desta série que tanto nos entreteve durante 96 horas da nossa vida (não estou a contar com os episódios vistos 3 ou 4 ou mais vezes). Bem hajam!

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

joie de vivre

Às vezes não é preciso muito para me pôr de extraordinário bom humor.
hoje bastou-me descobrir um novo sabor de gelatina: Banana-kiwi!!
Hummmmm...nham, nham!
Ainda por cima tem um verde esmeralda absolutamente fabuloso. Quero uma camisa desta cor!

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

Os Mitos

Se tivesse de dar um conselho de vida a alguém, do alto da minha humilde cagança diria que uma das coisas mais proveitosas para a sanidade mental é viver um bom par de anos fora do sítio onde se nasceu.

Admito que viver em Portugal tem dias maus, mas dias maus há em toda a parte do mundo para toda a gente. Depois dos meus 4 anos de Noruega e depois dos meus 4 anos seguintes em Portugal, não me resta senão concluir que na base do que dificulta ou facilita a vida prática e diária das pessoas está o mito da identidade nacional.

Imaginemos o resultado de uma experiencia cientifica. Num novo território virgem criam-se dois países identicos.
Num coloca-se uma população convencida de que vive num país sub-desenvolvido, de que o governo é corrupto, de que nenhum esforço será recompensado. No outro convence-se a população de que são o país mais rico e socialmente justo do mundo, de que o governo é empenhado e incurruptível e que a iniciativa pessoal será sempre recompensada.

Ao fim de pouco tempo provavelmente já se terão belos clones de Portugal e da Noruega.

O que me irrita nestes "meus" dois países, o natal e o adoptivo, é o momento em que tenho de lidar com pessoas que justificam as suas (más) acções com base nestes mitos de identidade nacional.

O mundo ocidental anda desde o iluminismo a lutar para se libertar das algemas da religião. Graças a isso conseguiram-se os estados laicos que nos dão tantos privilégios e liberdades e que, aparentemente, tornam os países em que o governo está dissociado da religião mais "civilizados". Parece-me no entanto que o grande próximo desafio "civilizacional" é arranjar maneira de desinflar os egos nacionalistas e fazer as pessoas perceber que, no momento em que a tecnologia nos permite viver numa "aldeia global" é preciso começar a pensar na humanidade enquanto espécie e não enquanto conjunto de povos.

É preciso pensar assim em tão grande escala? Sim. Quando se tem de enfrentar no dia-a-dia pessoas que nos dizem na cara: "o seu trabalho é muito bom, mas isto é demasiado bonito para o público português e só vai vender se parecer barato."
Ou algo como: "É um previlégio para os turistas virem à Noruega provar umas típicas papas de aveia sem sabor, é por isso que cobramos por elas o equivalente a uma refeição magnífica num restaurante de luxo".

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

O que é que nao fica BEM aqui?


Concedo que o pessoal dos jornais não deva ter muito tempo para pensar no que faz, mas há coisas que são de um mau gosto flagrante.
Ninguém na redacção repara que a fotografia de um homem a cair de um prédio não bate bem com a manchete "Rendas só podem subir"?
E que qualquer caricatura torna o assunto que retrata risível? Mesmo que seja o Bin Laden vestido de morte ceifadora?
E que aquela caricatura interfere da pior maneira com aquela foto, tirando-lhe toda a dignidade que tem?

O bom gosto pode ser uma arma. O mau gosto é quase sempre um tiro no pé. Eis uma prova.

Regresso a Deadwood


Confesso: Cowboys não são a minha coisa. No entanto, para além da Montanha do Quebra-Costas, há outro sítio no Oeste que me assobra o imaginário: a cidadezinha de Madeira Morta, ou Deadwood.

Comecei finalmente a ver a terceira temporada desta magnífica série da HBO e fico contente de confirmar que continuam a colocar a fasquia na marca mais alta a que uma série de televisão alguma vez se atreveu e a saltar graciosamente por cima dela em cada episódio.

Para além dos inenarráveis diálogos, cravejados dos maiores palavrões jamais ouvidos em televisão, envoltos em arabescos gramaticais do séc. XIX, para além dos desempenhos milagrosos da maioria dos actores. para além de uma direcção de arte impressionante e irrepreensível, há também uma notável mestria de iluminação e fotografia.
Episódios como "Unauthorized cinammom" passado quase exclusivamente à noite em interiores iluminados a vela e candeeiros a petróleo dão vontade de bater palmas. Apenas para termos de reconhecer a obra prima de captação de luz no episódio seguinte que começa com a luz fria da madrugada e nos vai guiando ao longo das faces de um dia que termina nos tons de fogo e sangue que prenunciam tempos violentos para a cidade.

Mais do que uma simples série de televisão, é uma apaixonante experiencia audiovisual. Mais do que uma lição sobre civilização e progresso, Deadwood é o sítio mais desagradável do mundo que não queremos deixar de habitar.

http://www.hbo.com/deadwood/

Policia

A semana passada tive de voltar a uma esquadra da PSP para fazer mais uma queixa contra os meus vizinhos psico-sociopatas.

Como fui para lá directamente depois de ter sido agredido, tinha os joelhos esfolados e a sangrar. Enquanto dava os meus dados e depoimento, pedi ao polícia que dactilografava com um dedo para me arranjar um algodão e alcool para limpar as feridas. Ele pediu imensa desculpa mas a esquadra não tinha qualquer material de primeiros socorros. Nem um simples algodãzito, nem um penso, nem uma garrafita de água oxigenada.
Perguntei-lhe o que é faziam quando na esquadra se cortavam com o papel. Ele riu-se e disse que chupavam no dedo.

Mas não é mau de todo passar uma hora numa esquadra de polícia. Não sei porquê, nas esquadras nunca encontrei aqueles polícias gordos e mal dispostos que se vêm na rua. Cada vez que vou a uma (graças aos vizinhos psico-sociopatas) está sempre cheia de gajos giros que vestem bem o uniforme e são simpáticos e atenciosos. Do mal o menos.

quarta-feira, 6 de setembro de 2006

Colina abaixo... e acelerando!

Hoje ja posso por a cruz em mais um item que garante que estou na curva descendente:

- fui a uma consulta em que o médico era mais novo do que eu

Alguns dos items anteriores:
- queda de cabelo/cabelos brancos
- achar que alguns políticos são sexy
- Ser batido pelos sobrinhos em jogos da playstation
- antigos colegas de escola divorciados ou com mais de dois filhos

terça-feira, 5 de setembro de 2006

no DVD - V de Vendetta


Ontem aluguei o filme "V de Vingança" pelo simples motivo de que havia pouco por onde escolher no meu clube de video. Confesso que esperava muito pior, tendo em conta as criticas que li na altura em que estreou. Afinal não achei o filme nada mau. Antes pelo contrário.

Reduzindo o argumento a números, pode-se dizer que é uma espécie de 1984 pós 9-11. ( Com a curiosidade de ter o John Hurt a fazer de "Big Brother", ele que no 1984 era a vítima do sistema. Coincidência? Não me parece...)

Convenhamos, o filme é demagógico, falacioso, retórico e tenta desesperadamente ser politicamente interventivo. E parece provocadoramente pro-violência e pro-terrorismo. Mas embora ande a brincar com o fogo ideológico, curiosamente só se chamusca ligeiramente.

Passeia-se airosamente entre o género de acção e o triller de conspiração política com um toquezinho de romance e nunca se deixa cair em nenhum género cinematográfico. Pisca o olho a mil e uma referências cinematográficas, pictóricas, históricas, musicais e no entanto mantém uma personalidade própria. Tem tudo para não gostarmos dele e no entanto... não se desgosta.

Provavelmente o filme acaba por convencer por beber da personalidade da personagem do terrorista V. Tem a plena convicção de não é perfeito, mas não pede desculpas a ninguém.

Para mim isso já é muito bom.
E qualquer coisa que me consiga fazer pensar ou que me force a tentar tecer um juízo moral por me ter deixado num terreno pantanoso, vale o tempo investido.
Vejam.
V.

domingo, 3 de setembro de 2006

Matemática a la TAP

momento lindo no site da tap

voo de ida: 210 euros
voo de regresso: 210 euros

Encomendar?

Sim

total: 550 euros
+ taxa de aeroportos: 94 euros
total geral: 644 euros

Encomendar?

procurei pelo botão "prá puta que os pariu" mas não achei

Rocky horror


Ontem, graças à campanhas de desconto que conseguem pôr um DVD a custar 3,5 euros, revi The Rocky Horror Picture show.
Tinha-o visto na cinemateca há mais de 10 anos por isso pareceu-me boa altura para recordar um dos piores filmes de sempre. Além disso, o verdadeiro Skråmestø nunca o tinha visto e este filme ganha muito com incrédulos olhos virgens.

A verdade é que The Rocky Horror Picture Show é paradigma daquelas coisas que são tão más que são boas e, neste caso, chega a raiar o genial. Não admira que seja o fenómeno de culto que é e que se tenha tornado uma peça chave da cultura pop americana do séc. XX. E é precisamente isso que é preciso ter em conta, que aquilo é um fenómeno, não um filme. (daí que seja muito mais interessante vê-lo no cinema com pessoal a cantar e a gritar do que refastelado no sofá da sala)

Curiosamente, mais de 25 anos passados sobre a sua realização, parece haver algo surpreendentemente contemporâneo e fresco naquele objecto audiovisual, como se pudesse ter sido feito ontem. E, visto agora, é impossível deixar de notar a influência que o filme obviamente teve sobre realizadores como David Lynch e Tim Burton.

Se nunca viram, vejam. Mas aviso-vos que nunca mais serão os mesmos. Ninguém fica indiferente aos travestis transsexuais da transilvania.
Bute lá fazer o Time Warp outra vez!

segunda-feira, 28 de agosto de 2006

gajos vs gajas



É curioso como há coisas das quais gostamos e nem conseguimos perceber bem porquê. Por exemplo, eu e a série Entourage.

Entourage é um termo que anda próximo de “comitiva”. Neste caso é uma série sobre um jovem actor em hollywood e a sua “comitiva”, ou mais exactamente os “colas” que vivem à custa da fama alheia.

Neste momento vejo a terceira temporada e, depois de quase 30 episódios, nem o enredo avançou grande coisa, nem as personagens se aprofundaram minimamente. E no entanto continua a fascinar-me.

O mais notável nesta série é provavelmente o facto de ser o exacto oposto de “O sexo e a cidade”. Como se a HBO tivesse resolvido exorcizar essa falecida série fazendo outra que, para compensar, coçasse a outra nádega.

Vejamos: uma é sobre quatro mulheres em Nova York, a outra sobre quatro homens em Los Angeles.

Em “O sexo e cidade”, as mulheres preocupam-se com a construção da sua carreira, o seu futuro sentimental e tentam achar o sentido da vida.
Em “Entourage” os homens são irresponsáveis profissionalmente, só se preocupam em arranjar uma queca para o próprio dia (mas se virem umas boas mamas ou uns belos rabos, também chega) e vivem sem se lembrar que o amanhã existe.

Elas deliram com vestidos, malas e sapatos.
Eles deliram com carros, relógios e jogos de vídeo.

Elas tentam sempre ter um comportamento adulto.
Eles têm sempre um comportamento infantil.

Elas falam da vida e das relações como se houvesse um final redentor, uma “moral” capaz de dirigir as acções humanas com sentido.
Eles falam de tudo para evitar falar de qualquer coisa em específico e nada se leva a sério.

Provavelmente o que me atrai nesta série é a profunda compreensão do universo masculino. É isso que me fica no final de cada irrelevante e inconsequente episódio. É extremamente refrescante ver uma série que não pretende achar o sentido da vida no final de cada episódio, onde nenhum ciclo se fecha, onde as coisas seguem totalmente à deriva sem que ninguém pare para se preocupar. Onde ninguém tenta sequer ser politicamente correcto porque ninguém sequer tem a noção do que é ser político (veja-se a escabrosa e despreocupada misoginia).

Como disse, depois de quase 30 episódios, nem o enredo desta série avançou nalguma direcção, nem as personagens ganharam a mínima profundidade. E eu não me sinto minimamente defraudado. Pelo contrário, é uma delícia. É como comer algodão doce, não alimenta nada, mas sabe bem. E faz bem a um ego masculino (mesmo se gay!)

sexta-feira, 25 de agosto de 2006

sábado, 19 de agosto de 2006

Mata e Esfola em: "Um Bom Restaurante"

19 de Agosto

Eu sabia que a prenda ideal para um homem que faz 42 anos era o novo jogo do Super Mário para a Nintendo DS!!!

Total Eclipse of the Heart

Descobri os Hurra Torpedo, uma banda norueguesa que utiliza electrodomésticos como instrumentos de percursão. São melhores vistos do que ouvidos, no entanto não posso deixar de achar que é uma soberba re-interpretação de um grande clássico...

terça-feira, 15 de agosto de 2006

No DVD - Up in Town

Up in Town é uma pequena série de 6 episódios de 15 minutos cada, com monólogos interpretados por Joanna Lumley (a Patsy de Absolutely Fabulous). A camara está fixa por trás de um espelho e a personagem vai-nos contando pormenores da sua vida enquanto põe e tira a pintura da cara. Parece pouco mas é muito.
Escrita inteligente, filmagem esperta e representação soberba.
Recomenda-se vivamente.

segunda-feira, 14 de agosto de 2006

Vizinhos

É um casal de velhotes, na recta final dos sessenta.

Ela passa o dia na lida da casa e a tomar conta do netinho. É das beiras e tem uma voz que não precisaria das janelas abertas para me entrar em casa como entra. Está sempre a queixar-se do preço das coisas, a ralhar com o marido que lhe suja o chão da casa e a chamar o nétinho para ir comer o "Ióiurte".
Quase todos os dias faz uma panela de arroz, ou embebe os restos do pão em banha e vem deitar isso na rua, frente à minha porta para dar de comer ao pombos, os "coitadinhos", como ela lhes chama.

Ele passa o dia debruçado dmuro do quintal a rezar em voz baixa. Costuma por o rádio em altos berros quando dá missa. Só sabe falar alto e há sempre um palavrão no meio da frase- É normalmente a única palavra que se percebe.
Quando os turistas incautos lhe perguntam o caminho para o castelo ou para a Sé fica muito excitado e repete as mesmas direcções confusas vinte vezes. Quando não há ninguém na rua atira pedras aos pombos que comem a porcaria que a mulher dele lhes serve.

Braga by night



sábado, 12 de agosto de 2006

sexta-feira, 11 de agosto de 2006

Braga

O que nos faz gostar ou não de uma cidade?
Porque gosto eu de Glasgow e detesto Manchester?
Porque é que não vejo razão nenhuma para voltar a Viana do Castelo mas não me importava nada de me mudar para Braga?

Quando disse que ia passar as férias a Braga, alguns amigos meus olharam para mim sem perceber. Estaria eu a gozar? Teria batido com a cabeça?

Mas eu gosto de Braga. Tem um provincianismo tocante e um leve toque cosmopolita. Tão leve que nem consegue ser pretencioso. Tem espaço e as pessoas são simpáticas. Vêem-se montes verdes ao fundo das ruas. Tem padres e freiras. E tem tantos gays como qualquer outra cidade com a única diferença de que estes são quase todos casados (embora não uns com os outros).

Para além de em geral me sentir bem nas ruas de Braga, há também dois estabelecimentos comerciais que me dão vontade de morar perto deles.
A livraria Centésima página e o restaurante Cozinha da Sé.

Curiosamente, já tinha estado em ambos o ano passado. A livraria tinha organizado uma dramatização do meu livro infantil com fantoches (!) e o vendedor da minha editora levou-nos a almoçar nesse restaurante. Já na altura foi uma excelente introdução a Braga. Mas agora que cá estou há 5 dias consigo ver melhor como é importante para uma cidade ter sítios com gente que faz bem feito o que gosta de fazer e onde se é invariavelmente bem vindo.


A livraria Centésima página mudou-se recentemente para o centro da cidade. É um espaço muito agradável, com uma optima selecção de livros, uma luz sedutora e tem ainda um cafézinho com uns bolos caseiros fabulosos. Porque é que em Lisboa ninguém consegue fazer uma livraria assim? Uma livraria onde dá gosto ESTAR. Se eu vivesse em Braga passava lá as tardes e tinham de me enxotar ao fim do dia.

O restaurante Cozinha da Sé também tem uma magia qualquer. Apesar dos quadros aterradores e dos candeeiros intimidantes está-se lá muito bem. O menu, à primeira vista parece modesto mas quando as doses chegam à mesa percebe-se logo que vai ser preciso voltar. E com serviço atento e genuinamente simpático como aquele eu seria capaz de lá ir todas as semanas. No mínimo. É que, ainda por cima, nem é caro.

Braga tem qualquer coisa. E nem as hordes de emigrantes em vacances, nem os incêndios, nem o calor infernal de Agosto me tiram o prazer de estar aqui, num Portugal que é autêntico mas não deprimente. Ou seja, como devia e podia ser em todo o lado.

PS – A juntar à lista de establecimentos recomendados: O Hotel Quinta de Infias e o Restaurante vegetariano Anjo Verde (que compensa os empregados de trombas com a excelente comida).

Paisagem minhota



Estou no minho há 5 dias e, mesmo sem quase sair das cidades já vi as colunas de fumo de 11 incêndios. É assustador. E triste.

Em Viana do Castelo

quarta-feira, 9 de agosto de 2006

De férias

Coisas boas:

- Poupar 33 euros no preço diário do hotel só porque fizémos a reserva via net - Cada vez que vejo o preço marcado na placa informativa da porta do quarto, o pechincheiro que há em mim sorri.

- Ar condicionado - é tão fresquinho que até dá para ouvir Chet Baker à noite e imaginar que já é inverno e que lá fora está a chover.

- Braga tem excelentes restaurantes - Serviço simpático, boa comida, preços baratos. Que mais se pode pedir?

Coisas más:

- Há tantos fogos à volta de Braga que o ar se enche de cinzas. A piscina do hotel está uma miséria com as cinzas que aterram lá. No dia em que subimos ao Bom Jesus contei 5 incêndios nos montes à volta.

- Trouxe o computador e hoje trabalhei 3 horas quase sem dar por isso. Eu devia ter juízo.

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

Blogando a preto e branco

Avisam-se os interessados que criei um novo blog só para o folhetim "Os herdeiros" que estava em coma há demasiado tempo.
Recomeça então do principio, mas incrementado com comentários a cada um dos episódios.

http://omaldoslivros.blogspot.com/

quarta-feira, 2 de agosto de 2006

Novo Look

Como é verão, não é preciso dizer nada. Basta mudar de roupa :-D

segunda-feira, 31 de julho de 2006

Desencravanço

Hoje passei mais de metade do dia a encontrar desculpas para não trabalhar. Foi um ataque de perguiça tão grave que até me pus a ler coisas antigas que tinha escrito. E foi assim que uma história que estava encravada vai para dois anos, de repente, desencravou.
Sejam bem vindos de volta, Zé e Jaquim.


Foi ali mesmo, há muito tempo, que se conheceram. Ali nos baloiços do recreio, primeiro dia de aulas, os dois à espera de vez.
Não gosto da escola. Saltara-lhe isto da boca de repente, irritado também com a comichão que lhe davam as calças de lã que a mãe o obrigara a usar nessa manhã.
Não gostas porquê?
Porque não.
Isso não é resposta.
Diz quem?
Diz a minha mãe.
E quem é a tua mãe?
É a professora.
Isto calou o Zé Manel que já estava pronto para empurrar o menino da mamã para cima das miúdas que saltavam ao elástico.
A tua mãe dá réguadas?
A mim não.
Zé Manel mediu o miúdo de cima a baixo. Só parecia menino da mamã por causa do colete e dos sapatos engraxados.
Como é que te chamas?
Joaquim Manuel dos Santos Ferreira, disse o outro, suspenso na dúvida se deveria acrescentar que já sabia escrever o nome todo. Mas Zé Manel não o deixou dizer mais nada.
Tenho berlindes. Queres jogar?

Pure Listening Pleasure

Andava pela FNAC avec Nú-nô quando ele aponta para este CD
(Camille - "Le fil")
e diz: Este é o melhor disco francês deste ano (ou algo parecido). E eu comprei-o sem pensar duas vezes.
Ele tinha razão. É certo que eu não ouvi mais nenhum disco francês este ano mas isto podia ser um dos melhores discos do ano em qualquer ano em qualquer país. É um daqueles albuns-OVNI que são perfeitos do princípio ao fim e parecem existir só porque alguém gosta MESMO de fazer A SUA música. Vem da mesma solitária dimensão fora do tempo e espaço que "Spirit of Eden" dos Talk Talk ou "Dinamyte" de Stina Nordenstam.
O album chama-se "Le fil" e é claro que o fio condutor de todas as canções (que se estão um bocado nas tintas para encaixarem num formato que se possa chamar mesmo "canção") é a voz de Camille, no sentido literal em que uma nota é mantida do princípio ao fim do disco, como um fio onde as canções se vão enfiando como contas num colar. Mas também os ritmos, os ambientes são quase todos criados com a própria voz e só de vez em quando aparece um intrumento convidado. Um tambor ou um trompete. E quando apetece batem-se palmas. É uma maravilhosa espontâniedade. É claro que se pode referir as influências de Bobby Mcferrin, Laurie Anderson ou a Bjork do último album. Ou da Soul e da música africana. Mas não vale a pena. Camille vale por si mesma como alguém que lhe canta (e fala, e grita e discute, e pensa em voz alta) porque lhe apetece. E é por isso que apetece ouvi-la, uma, duas, três, trezentas vezes. Ouçam-na também assim que puderem.

PS- Merci Nú-nô

quarta-feira, 26 de julho de 2006

Smogada

Hoje passei o dia a ouvir Smog enquanto trabalhava. Depois resolvi ser mais indolente e procurar as letras das minhas canções favoritas para incrementar o iPod.

Aqui se recolhem algumas pérolas:

de "Drinking at the dam":
For the first part of my life
I thought women had orange skin
It was the first part of my life
Second is the rest

de "Running the loping":
Oh to live in the country
With a chicken and those other things

de "to be of use":
Most of my fantasies are of
Making someone else come
Most of my fantasies are of
To be of use

de "Strayed":
Well I never thought I'd be
One of those men
With pin-ups on their wall
For all to see
I thought that was just mechanics

de "dress sexy at my funeral":
Dress sexy at my funeral my good wife
And when it comes your turn to speak before the crowd
Tell them about the time we did it
On the beach with fireworks above us

segunda-feira, 24 de julho de 2006

O millet

Hoje fiz um desvio no caminho para o supermercado e entrei no Celeiro para comprar pão. Já eram 6 horas e nas padarias já só havia carcaças (o pão com o nome mais correcto do mundo porque de facto sabe a pão morto mesmo quando acabadinho de sair do forno). Aproveitei para me aventurar numas coisas novas e comprei manteiga de sésamo (ainda não sei se gosto) e comprei millet (O cereal. Eu só conhecia o pintor).

Segundo a internet "Millet is one of the oldest foods known to humans and possibly the first cereal grain to be used for domestic purposes". Curiosamente, eu vivi os meus 32 anos sem saber isto.

Segui as instruções da embalagem, lavei os grãozinhos, dei uma leve fritura e cozi durante 20 minutos. Sabia um pouco a papas de milho e embora a água já tivesse sido toda chupada, achei que aquilo podia ter cozido mais tempo. Para salvar a refeição que aquilo ia acompanhar (uns lombinhos de porco com molho de maçã e rábano) resolvi juntar queijo roquefort às papas de millet. Foi bem pensado e funcionou mas de certeza que tripliquei o nível de colesterol da refeição.

Mais uma vez, segundo a internet, "The Hunzas, a people who live in a remote area of the Himalayan foothills and are known for their excellent health and longevity also enjoy millet as a staple in their diet." Acredito que sim, porque aquilo em estado puro tinha um sabor atrozmente saudável. Por outro lado, suponho que os Hunzas não afogam o seu millet em roquefort...

"research on millet and its food value is in its infancy and its potential vastly untapped." Digo o mesmo porque ainda tenho meio quilo de produto para usar em experiencias... até lá, decididamente gosto mais de roquefort do que de millet.

mulheres a beira

Ontem aluguei o filme "Flightplan" só porque me estava a apetecer ver a Jodie Foster. Valeu a pena. A senhora tem mais uma excelente variação de actuação no modelo "estou-aqui-à-beira-do-colapso-nervoso-mas-estou-me-a-aguentar-dentro-do-possível".

(A propósito, quem também é muito boa nisso é a Mary McDonnell, se bem que se especializa mais no "se-me-tocares-com-um-dedo-desato-a-chorar" (ver Donnie Darko e Battlestar Galactica) enquanto que a Jodie é melhor no "se-me-tocares-com-um-dedo-eu-mordo" (ver Contacto e Panic Room))

Ainda me dei ao trabalho de ver os extras do DVD só para concluir que há muita gente a trabalhar (e bem!) em filmes que são uma grande pepinada. Mas recomenda-se, apesar de tudo. Só na ultima meia-hora é que o filme, que se estava a aguentar muito bem, se rende e admite que não sabe descalçar a bota onde enfiou (com bastante convicção e graciosidade) o pé. O final roça o patético.
O que, curiosamente, é o total oposto de outra boa pepinada da Jodie que é o "Nell". Que é patético desde o início mas que depois se sai com um grande final capaz de redimir duas horas de sentimentalismo barato.

Eu gosto da Jodie e da Mary.

domingo, 23 de julho de 2006

adulto

Já sou um homenzinho. De agora em diante passo a ter barba. Comprei finalmente uma daquelas maquinetas de cortar cabelo. Há mais de uma década que sofria com uma barba miserável e mal semeada que não se podia mostrar crescida e que quando usava a gillette me dava borbulhas para vários dias. Mas finalmente posso ter a barba sempre com este aspecto másculo (I want to believe) dos pelinhos uniformemente aparados a 3mm. O meu bigode quase se une ao resto da barba e quase consigo ter patilhas. Isto vai no bom caminho. Já era tempo de deixar de invejar o meu primo que começou logo a fazer a barba aos 11 anos e que, embora a faça todas as manhãs, ao meio-dia já consegue lixar a tinta das paredes.

São curiosas estas mudanças fisiológicas no corpo que envelhece. Felizmente, por enquanto só as vou notando ao nível piloso (de pêlo). As minhas entradas, que se começaram a manifestar logo aos 30, já vão por aqui adentro, criando uma linda península de cabelo ao cimo da testa que se ameaça tornar numa ilhota. É o meu maior terror. Eu não me importava de ser careca. Não tenho nada contra. Até acho sexy nos outros. Mas estes tufos que vão ficando para nos lembrar que a maré está irremediavelmente a descer são ridículos. Daí eu achar que a compra da maquineta de cortar cabelo foi um investimento para o futuro. As ilhotas só se safam com as palmeiras cortadas. No futuro, vejo-me com a barba a ligar ao cabelo nuns uniformes 3mm. A orla marítima é que é capaz de ter um desenho complexo.

Entretanto, parece que a falta de cabelo nas têmporas se deve à sua emigração para outro lado. Nomeadamente para as narinas, orelhas, peito, ombros e costas. Exacto! Aí mesmo onde faz imensa falta. Mas tudo bem, pinça eu já tinha para impedir as sobrancelhas de andarem de mãos dadas.

E depois... os cabelos brancos! São fascinantes e cheios de personalidade. Não lhes basta terem uma cor diferente do outros. Mesmo depois de dois esfreganços com gel na cabeleira, continuam em pé só para chamarem a atenção. Coitadinhos. Por enquanto ainda se sentem muito isolados. Um aqui, outro ali. É por isso que ainda faço uns desvios com a pinça no caminho entre a sobrancelha e a orelha.

É muito cansativo, isto de ser adulto.
Mas podia ser pior. Eu podia ser um wookie.


Moral da história: Olhar sempre para o lado luminoso da vida e continuar a brilhar como um diamante maluco.