quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Adeus e obrigado

Duas palavrinhas para o realizador Robert Altman, um dos grandes cineastas que já nos deixou. Bem haja.

Mata e Esfola em: "Depois do Jantar"

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

Diamanda Galas


Magnífico concerto de Diamanda Galás ontem à noite no CCB. É muito higiénico ir a concertos capazes de nos limpar a alma de modo tão eficiente.

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Fast tv food

Já há muito tempo que não postava uma receita. Aqui vai uma das minhas favoritas para consumir com o rabo sentado no sofá frente à televisão (usar tijela funda).

Sopa de frango com leite de côco

2 peitos de frango
1 caldo knorr
1 lima
1 lata de leite de côco
1 lata de grão
Coentros
Caril

Cozer os peitos de frango num litro de água com o caldo knorr, o sumo da lima e um pouco de caril.
Quando estiverem cozidos, desfiar a carne e juntar o leite de côco e o grão. Deixar ferver mais um pouco e servir com coentro picado por cima.

Nham Nham!

e como foi o teu fim-de-semana?

Este fim de semana baldei-me ao trabalho e saí de casa para respirar um arzinho cultural.

A tarde de sábado foi passada na FNAC para assistir ao lançamento de "Rio da Glória", o novo romance de Possidónio Cachapa.
(já li metade mas guardo comentários para quando o acabar)
Graças a uma boa recomendação, saí de lá também com "Salazar, agora na hora da sua morte" de João Paulo Cotrim e Miguel Rocha, uma banda desenhada que mergulha na figura do ditador e na iconografia portuguesa da altura com uma destreza e ousadia impressionante. É imprescindível ler (e ver). Corram a comprá-lo.

Domingo fui meter-me noutro buraco escuro, desta vez a Culturgest, para a sessão de filmes premiados do Cinenima. Foi bom para os olhos e para o cérebro. Destaque para a curta metragem "The Danish poet", cheia de piadas escandinavas e com a soberba (e muito irónica) narração feita por Liv Ullman.

As noites foram passadas em frente à tv, viciado na série "Prison Break" (que é indiferente ao cérebro, mas tem uns rapazitos que alegram os olhos).

E tenho saudades de apanhar ar fresco... Mas, se serve de desculpa, tenho andado constipado.

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Cotao nos cantos do mundo


Hoje estou a rebentar de contente. O meu livro infantil "Cotãozinho e os seus irmãos" (ver link no título do post) que tinha sido aceite na International Children's Digital Library o ano passado (http://www.childrenslibrary.org/) foi agora escolhido para ser um dos títulos de livros infantis a figurar no protótipo do OLPC (http://www.laptop.org/)

O projecto One Laptop per Child criou um novo computador desenhado por especialistas para um projecto humanitário que pretende proporcionar uma poderosa ferramenta de aprendizagem criada especialmente para as crianças mais pobres que vivem nos lugares mais remotos do mundo. O resultado é uma harmonia singular de forma e função; uma máquina flexível, de custo ultra-baixo, energeticamente eficiente, responsiva e durável, com o qual muitas nações do mundo emergente podem saltar décadas de desenvolvimento—transformando imediatamente o conteúdo e a qualidade do aprendizado de suas crianças.

A International Children's Digital Library disponibiliza livros infantis de todo o mundo para visualização e leitura gratuita via internet. É um dos provedores de conteúdos para o protótipo do OLPC.

domingo, 12 de novembro de 2006

O meu novo livro


Era uma vez um escritor que tinha sete contos guardados numa gaveta. Uns eram grandes, outros pequenos, mas todos tinham sido escritos com a liberdade que se encontra nas mais escuras horas da noite.

Durante dois anos os contos esperaram para sair da gaveta, o seu destino posto pelo escritor nas mãos de editores que, quando os liam, imaginavam que aquelas palavras seriam capazes de lhes trazer ruína financeira ou eterna vergonha. Assim, preferiam remeter-se ao silêncio e fingir que não sabiam da sua existência.

Mas os sete contos, como fantasmas, assombravam o escritor que constantemente se via obrigado a tomar conta deles, lendo-os vezes sem conta e mudando uma vírgula aqui, um ponto ali, e às vezes descobrindo sinónimos para substituir palavras que pareciam murchar com o tempo.
O escritor sabia que a única maneira de exorcizar os contos era cristalizá-los em páginas impressas, pois quando as histórias chegam às mãos dos leitores, passam a habitar dentro deles e deixam o escritor em paz.

Assim foi que, num dia em que navegava na internet, o escritor descobriu um sítio para a gaveta dos sete contos. Ordenou-os num livro a que chamou “Pequenas Histórias de Amor e Sexo” e deixou-o onde qualquer leitor o poderia descobrir.
Despedindo-se dos sete contos, o escritor olhou um pouco desconsolado para a sua gaveta vazia de histórias. Felizmente, ele sabia de algumas que, com tempo e paciência, a poderiam voltar a encher…

"Pequenas histórias de Amor e Sexo" está exclusivamente disponível em:
http://www.lulu.com/content/501977
Pode ser comprado em versão impressa ou em download de PDF.
(No preview podem ser lidas várias páginas do conteúdo)

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Uma vida real

Conheci o meu amigo R. há 7 anos no chat room de um site gay. Na altura ele tinha 50 anos e preparava-se para ganhar coragem e contar à mulher e filhos que era homossexual. Foi difícil. Seguiu-se o divórcio e tempos difíceis em que ele tentava explicar aos 2 filhos, uma rapariga de 17 e um rapaz de 23, já casado e com filhos, o que se passava e porque é que tinha tomado tal decisão naquele momento da sua vida. A rapariga acabou por aceitar, o rapaz cortou relações com o pai.

Entretanto o R. conheceu o T. e começaram uma relação que durou 3 anos. Passaram a viver juntos e de cada vez que eu encontrava o R. online ele contava-me com alegria deslumbrada a descoberta de uma vida sexual e afectiva que nunca julgara possível. Aos 52 anos descobria que gostava de piercings, cabedal negro e tatuagens. Investiu nos 3. E inscreveu-se com o namorado num ginásio.

Finalmente, o tímido bancário era feliz e ia-me enviando fotos do namorado, do piercing no mamilo, da tatuagem no ombro e dos músculos que surgiam do nada.

Depois, de repente, durante quase um ano o R. sumiu-se da net e o seu nome deixou de aparecer no meu messenger. Quando voltou fiquei a saber que o seu filho se tinha suicidado porque não conseguia viver sabendo que tinha um pai homossexual (deixou isso escrito na nota de suicídio). Isso levou a que o R. mergulhasse numa depressão que acabou por minar a relaçao que tinha com o T. Agora são só amigos.

O R. já não é o mesmo. Vive sózinho e cada vez que troco algumas palavras com ele, onde antes achava uma alegria contagiante, passou a haver uma grande grande escuridão.

Hoje, enviou-me uma foto da sua tatuagem mais recente. É a foto do filho com as datas de nascimento e morte. Tatuou-a no braço. Depois disse-me "Agora já posso ter o meu filho comigo para sempre".
E eu fiquei sem palavras durante vários minutos.

Aviso aos amigos Brasileiros no Brasil


O excelente documentário realizado pelo meu amigo Kenneth vai passar no Festival Mix Brasil na próxima semana. Não percam! (Em Portugal espero que passe no festival gay e lésbico do próximo ano...)


Festival Mix Brasil 2006
http://www.mixbrasil.org.br/f_panorama_raballder.shtml


Raballder / Hullabaloo
(Kenneth Elvebakk, 2006, Noruega, 52 min.)
Como diz Henning Nygard, 25 anos, "não se vêem atletas abertamente gays na Noruega; acho que é por causa dos vestiários, e o fato de que 'homo' ainda é usado como insulto, nos esportes".
O documentário, do mesmo diretor de “O Clube Secreto” (eleito pelo público o melhor documentário do Festival Mix Brasil 2004), entra no mundo do time de handball gay Raballder ("hullabaloo"), formado por jogadores cheios de humor, vulnerabilidade, esperteza, resistência e afetuosidade. Eles jogam na 4ª divisão, enfrentando times caretas, e o fascínio que exercem se explica por alguns deles se transformarem de bibas estereotípicas em atletas agressivos quando saem em campo, desafiando expectativas de gênero e sexualidade. Alguns desses atletas têm por ídolos célebres jogadoras escandinavas de handball. O filme mostra, também, as famílias e os amigos dos jogadores, seus trabalhos, férias e festas. E, é claro, jogos e torneios.
 
Onde e quando assistir:

SP
UNIBANCO 1 - 13 NOV (SEG) 20H
RJ
CCBBcin - 24 NOV (SEX) 15H
CCBBcin - 29 NOV (QUA) 19H
DF
CCBB - 3 NOV (DOM) 19H

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

Correndo sobre o vazio

É um bocado difícil uma pessoa concentrar-se e sair-se com trabalho ou conversa inteligente quando só se pensa em dinheiro.
Tenho passado as últimas semanas ao telefone armado em cobrador. Olho para a colecção de facturas que não me pagam desde Julho e acho que posso vir a ficar rico. Olho para o meu extracto bancário e acho que os meus últimos tostões deviam ser investidos na compra de um taco de basebol a utilizar nos clientes como se usa nas pinhatas.
O pior é que isto não é só comigo, é com Portugal inteiro. Como é que eu posso exigir que alguém que não tem dinheiro (porque, por sua vez, também não lhe pagam) me pague a mim?
Num universo económico em que os pagamentos que legalmente deviam ser feitos a 30 dias são logo à partida verbalizados para 60, desculpados para 90 e desavergonhadamente adiados para 120, onde fica o limite que rebenta a corda?
Só alguém muito desfasado da realidade é que se surpreenderá quando houver um colapso económico no País. Portugal continua a existir por pura boa vontade de quem trabalha e de quem se acomoda.
Da minha parte, estou mesmo disposto a comprar o taco de basebol (embora provavelmente vá acabar por ter de recorrer à vassoura que já há cá em casa)

terça-feira, 7 de novembro de 2006

na paz das estrelas

10 da manhã de terça-feira.
Apenas meia dúzia de almas penadas se babavam frente aos adereços, desenhos, fatos e parafernália diversa da magnífica
exposição da Guerra das Estrelas no museu da electricidade.
Ide, que vale a pena, principalmente em horários inóspitos.



Aproveitei para tirar fotografias até ficar sem memória (na máquina).

sábado, 4 de novembro de 2006

(in)Cultura visual


Pelas mais diversas razões, eu não gosto de logotipos. Quanto mais não seja, porque são uma das maiores fontes de poluição visual no trabalho do designer gráfico (é o feitiço contra o feiticeiro).
Recentemente passei a receber no meu email a newsletter do Bloco de Esquerda (pelo mesmo motivo que recebo a da Sociedade Protectora dos Animais e a da Galeria Zé dos Bois: sabe Deus porquê). Raramente a leio porque só de olhar para o logotipo no cabeçalho fico irritado. Tal como a suástica (que era um símbolo simpático na origem) nunca mais se vai conseguir limpar das conotações nazis, eu não consigo olhar para o símbolo do Bloco de Esquerda sem me lembrar de iogurtes e de gente burra.

cockspotting


A vantagem do Galo de Barcelos sobre a nossa senhora de Fátima é que as suas aparições têm tendencia para ser muito mais surpreendentes. Desta vez avistei-o na segunda temporada da série televisiva Weeds (que continua bastante recomendável). ...Qualquer dia chega às páginas da Wallpaper como must-have-ethnic-bibelot!