sexta-feira, 30 de setembro de 2005

grotesco

Hoje, no meu trono de leitura (retrete) entretive-me a ler o guia TimeOut para Roma a fim de preparar a viagem da próxima semana. Assim se aprendeu que a palavra "grotesco" tem a seguinte origem:

Durante a renascença foi descoberto o antigo palácio de Nero e diversos artistas e pintores como Rafael desciam ao que pensavam ser cavernas ou grutas (grotto) para verem os frescos romanos. Inspirado, Rafael pinta um fresco no Vaticano com motivos clássicos pagãos que é apelidado de "grotesco".

É curioso pensar que Nero incendiou Roma, mandou as culpas para os cristãos, andou a chaciná-los no campo onde viria a ser contruído o Vaticano, local onde Rafael viria a pintar o seu fresco inspirado nos frescos da casa de Nero construida no sitio que ficou livre depois do incendio de Roma, fresco esse que iria influenciar toda a arte cristã feita a partir da Renascença.

Caramba, que isto tem piada!!!


Fresco da Domus Aurea, a casinha de Nero.


fresco de Rafael no vaticano

quinta-feira, 29 de setembro de 2005

sim, senhor primeiro-ministro!

Agora é oficial! O governo norueguês vai mesmo avançar com a lei do casamento que dá direitos absolutamente iguais a casais homo e hetero. Quer dizer heranças, adopção, impostos, etc e tal...
A lei das uniões de facto gay já existia há alguns anos na Noruega mas agora é perfeita igualdade. E devo confessar que me dá vontade de ir com o meu namorado norueguês ali à embaixada da Noruega casar-me só para depois poder chatear toda a gente em Portugal: na repartição de finanças, nos bancos, no centro de saúde, na seguradora, etc. Isto porque em Portugal a nossa medíocre lei das uniões de facto não reconhece uma união entre um português e um estrangeiro!!

Esta lei aparece graças ao primeiro ministro Jens Stoltenberg

que, na sua juventude, já tinha feito o trabalho de bastidores para que a lei das uniões de facto fosse aprovada. Agora que é primeiro-ministro pela segunda vez resolveu terminar a coisa como deve ser.
Estava capaz de lhe dar um beijinho. Até porque, embora seja assustador achar um primeiro ministro sexy, ele até é!

quarta-feira, 28 de setembro de 2005

suspiro



O tenente Crashdown da série Galactica.
Há muito tempo que não me sentia tão adolescente...

terça-feira, 27 de setembro de 2005

santa ignorancia

Tem sido difícil ignorar a campanha para as eleições autárquicas mas acho que estou a conseguir: só hoje é que reparei que vou de férias para fora do país no dia antes, o que quer dizer que, seja como for, não vou votar!
Suponho que irracionalmente eu já sabia que não valia a pena estar a prestar atenção a este circo...

nos Açores

Acrescentei duas imagens novas ao meu site:

http://home.no.net/danielba/galeria

Esta tem lugar algures em São Miguel:



Destroyer - "your blues"

Foi editado o ano passado mas ouvi-o hoje pela primeira vez depois de aterrar que nem um OVNI na minha secretária. Estranhei à primeira mas entranhou-se logo à segunda. É o novo favorito da minha playlist e não sei nada sobre estes tais de Destroyer, mas que importa isso? Quem canta letras como "submarines don´t mind spending their time in the ocean" só pode ter génio pop nas veias. Já ganhei o dia e quase me esqueci da minha smog-burrice.

o escritor

Ontem escrevi dois parágrafos numa história há muito encravada. Vou ali mandar um foguete já volto...

como desperdiçar 36 euros

Hoje estava capaz de me dar um par de estalos. Comprei com bastante antecedencia bilhetes para ir ver o concerto de Smog e não sei porquê convenci-me que o concerto era HOJE. Afinal foi ONTEM!!!!
O meu coração chora amargamente e não se conforma com a minha estupidez.
O meu único consolo é pensar que suportei financeiramente um artista de que gosto e que os fãs inteligentes estiveram à larga.

Fui logo re-verificar as datas dos concertos para os quais já comprei bilhetes:
Antony and the johnsons
Young gods
Depeche mode

mas como ainda demora tanto tempo daqui até lá pode ser que ainda me esqueça das datas destes também...

ai...suspiro...

segunda-feira, 26 de setembro de 2005

Galactica vs 4400


versus



Foi um bom fim de semana passado a aquecer o sofá com o rabo. Na playstation rodaram os DVDs de duas séries encomendadas via amazon. Eis o veredicto:

1- HISTÓRIA
Mais uma vez se comprova que a força de uma narrativa não está tanto no que é contado mas no modo como é contado.
Ambas as séries têm histórias simples e previsiveis mas Galactica dá a volta por cima. Talvez benificie do facto de ser um remake. Os argumentistas e realizador pegaram na matéria bruta já existente e depuraram, expandiram e puseram tudo a funcionar como um mecanismo bem oleado.

Por seu lado 4400 é hesitante, simplista, superficial e inconsequente. Tem um excelente ponto de partida mas não sabe em que direcção seguir e por isso não vai a lado nenhum.

2- EFEITOS ESPECIAIS
Galactica dá baile a qualquer série de FC jamais feita em televisão. Não porque tenha grandes efeitos especiais (que até os tem) mas porque sabe quando não os usar. Cenas como os saltos para o hiperespaço e algumas explosões são exemplos de inteligência narrativa e têm algum do maior impacto emocional pela simples razão de que não se vêem!!! É criado uma tal expectativa e tensão à volta delas que se fossem mostradas visual e literalmente só podiam resultar em decepção. Um realizador que consegue evitar essa armadilha e fazer a ausência resultar melhor que a presença merece um aplauso em pé.

4400 por seu lado está sempre à beira do kitsch. Já se viu aquilo tudo e mais bem feito.

3- ACTORES
Há uma magia qualquer quando os actores verdadeiramente encarnam as personagens. Galactica tem a sorte de ser servida por 3 ou 4 actores estupendos que por sua vez arrastam todos os outros para a excelência. O destaque vai para Edward James Olmos (um fortíssimo capitão adama) mas principalmente para Mary McDonnell, que embora faça o seu papel de sempre (mulher à beira de um ataque de nervos de aço), é um papel que faz muito bem e que dá a toda a série uma dimensão humana quase transcendente. É ela quem carrega a série toda aos ombros.

4400, devido aos seus diálogos simplistas e inconsequentes não deixa ninguém brilhar, mas também não me parece que haja por lá ninguém com esse potencial.

Curiosamente nenhum das duas séries tem gajos giros capazes de tirar a camisola e fazer a coisa valer mesmo a pena, mas a medalha vai outra vez para galactica precisamente pelo elenco de rapazitos secundários que, por serem tão "normais" são deliciosamente apetecíveis. Nesse aspecto 4400 fica-se pelo standard plástico americano que é por demais enjoativo.

4- MÙSICA

Não falaria nisto não fosse o caso de as diferenças serem tão óbvias.
Galactica surpreende com uma banda sonora minimalista e apenas pontual de tambores tribais ou vozes étnicas. Pelos vistos alguém andou a ver ANIME (lembrou-me um pouco a banda sonora de AKIRA) e aprendeu uma lição. As batalhas espaciais com tambores tribais tornam-se incrivelmente viris e a tensão dramática que já existe por si nas outras cenas dispensa de facto música.

4400 é o exemplo de como o kitsch musical pode ajudar a matar qualquer coisa. Afogar todas as cenas tristes em óboés, flautas e pianos electricos é completamente dispensável. É efeito barato.
Há também o momento "magnólia" em que uma canção pop passa na íntegra enquanto vemos múltiplas personagens nos seus dramas pessoais. Mas nem a canção é boa nem o efeito conseguido ou justificável.

VEREDICTO FINAL:

Galactica - 5 estrelinhas e muito entusiasmo
4400 - 2 estrelinhas e grande decepção

sexta-feira, 23 de setembro de 2005

bom fim de semana

Hoje o carteiro trouxe isto:



o que me deixa especialmente contente porque tem isto:



Este fim de semana ninguém me tira do sofá!

quinta-feira, 22 de setembro de 2005

Parabens

Parabéns especiais para o meu amigo Kenneth

que esta semana vendeu a sua série de 6 episódios sobre uma equipa gay de volleyball para as televisões sueca e dinamarquesa. A série estreia este inverno na televisão norueguesa e vai ter uma versão em filme destinada ao mercado internacional.


A série é um documentário sobre a equipa e segue a vida pessoal de alguns dos jogadores dentro e fora do campo.
Depois de uma lesão no joelho que o impediu de continuar a jogar, o Kenneth, que já foi jogador desta equipa, resolveu pegar na câmara e filmar os amigos. O resultado, pelo preview que já vi, é divertido, tocante e verdadeiramente capaz mostrar a vida social e intima de um punhado de homosexuais tirados da realidade. Quero ver! Já!

nuestros amigos Fangoria

E já que hoje sopram ventos de espanha...



http://www.arquitecturaefimera.com

nuestra amiga najwa

Não é que ela seja uma grande actriz, não é que ela cante bem ou componha grandes músicas, não é que ela seja bonita, mas... a Najwa Nimri tem qualquer coisa de je ne sais pas quoi que me faz comprar os discos e ver os filmes...



http://www.najwa.info/

requiem

Ontem à noite vi o filme "O juri" que me espantou por afinal não ser mau como eu temia.
Mas curioso mesmo foi ver um filme cheio de imagens de uma Nova Orleães que simplesmente já não existe... e onde eu já não poderei ir...

um dia a la donnie darko

- fiz um novo amigo
- real ou imaginário?
- ...imaginário...

quarta-feira, 21 de setembro de 2005

Os redimidos

O meu prazer auditivo das últimas semanas tem por base os novos albuns de Sufjan Stevens — "Illinois" e Devendra Banhart — "Cripple Crow" que são tipos a quem eu nunca tinha prestado grande atenção mas que por acaso se saíram agora com grandes discos.


O amigo Devendra tem músicas com refrões com "chubap-chubap" (o que significa sempre grande génio musical). E é impossível ficar mal disposto quando canta "Santa Maria da Feira" no seu portunhol mal amanhado, sussurrado sobre um sambita ingénuo com flauta de bisel e maracas. Nunca estive em Santa Maria da Feira, mas agora que já tenho banda sonora, tenho de lá ir... Depois há a canção "Cripple Crow" que dá nome ao album e me dá arrepios a mim.


Quanto ao amigo Stevens foi desencantar uns xilofones e coros infantis, que são coisa que fica quase sempre bem no rock independente (ver o album "Knock Knock" dos Smog). Cantarolável e épico.

...e também fiquei agradávelmente surpreendido quando pela vi uma foto do rapaz pela primeira vez... fã instantâneo!


Dois albuns muito tra-la-la com um toque de nostalgia naif que só fica bem no inicio do Outono.

x file

Ontem à noite sonhei que a zona da Expo se escangalhava toda num terramoto e a única coisa que ficava em pé era a pala do pavilhão de Portugal.
Acordei para ouvir as notícias da actividade sísmica nos Açores....

terça-feira, 20 de setembro de 2005

salada italiana

A pedido de várias famílias eis a receita da salada que fez sucesso na festa do sábado passado:

ingredientes:
batatinhas, tomatinhos, pesto, presunto, queijo parmesão, basilico fresco, pinhões, vinagre balsamico

1 - Cozem-se as batatinhas

2 - Salteiam-se as batatinhas com o presunto aos quadradinhos e os pinhões (não juntar gordura! A do presunto é mais que suficiente e deve ser escorrida no final)

3 - Assar os tomatinho cherry no forno

4- o queijo parmesão deve ser cortado em raspas grandes e brutas

5- misturar os ingredientes todos numa tijela

6- comer como se não houvesse amanhã

segunda-feira, 19 de setembro de 2005

popular music 2

Afinal não achei o filme Popular Music — visto no domingo no festival gay e lésbico—nada de especial. Sofre do mesmo que algumas adaptações de livros ("como água para chocolate", "a casa dos espiritos") em que histórias e metáforas que resultam por escrito se perdem completamente e resultam ridículas quando transpostas para o visual de uma maneira demasiado literal.
Ainda assim, teve algumas cenas memoráveis que fizeram dar o tempo por bem entregue.

quinta-feira, 15 de setembro de 2005

Ai Jesus...

A Anne Rice tem um livro novo:



citemos:

"Having completed the two cycles of legend to which she has devoted her career so far, Anne Rice gives us now her most ambitious and courageous book, a novel about the life of of Christ the Lord based on the gospels and on the most respected New Testament scholarship.
The book's power derives from the passion its author brings to the writing, and the way in which she summons up the voice, the presence, the words of Jesus who tells the story."

Eu tremo de medo. É de certeza o livro mais assustador que ela jamais escreveu.
Mas o que é que lhe deu na veneta??!!!

Quão longe estamos disto:



que é um livro verdadeiramente dedicado à paz na terra e amor entre os homens...

Musica popular

A minha curiosidade no Festival Gay e Lésbico vai para o filme POPULAR MUSIC de Reza Bagher (passa Sábado e Domingo)



O livro em que se baseia é uma delícia e é um best-seller internacional (excepto em Portugal onde a literatura escandinava chega sempre com 10 anos de atraso...) e o filme promete fazer-lhe justiça. Lá estarei!

os mortos ao vivo



No passado mês de Março tive o previlégio de ver os Dead Can Dance ao vivo em Berlin (bilhetes comprados com 8 meses de antecedência!). Parece o regresso dos mortos vivos (eles já não gravam albuns há 10 anos) mas eles ainda dançam como sempre dançaram. O concerto foi excelente e eles tocam 7 (muito boas) músicas novas nesta tournée.

Embora continue a fazer figas para que no final da digressão eles sigam para estúdio e gravem um disco novo, a verdade é que já estou bem servido porque alguém teve a feliz idéia de gravar CD´s com os concertos.
Da digressão europeia comprei o concerto de Madrid (o de Berlin que eu vi não foi gravado e os outros já estavam esgotados) e depois, por puro fanatismo (e porque tinha mais 2 canções do que o concerto de Madrid) comprei o best-of da digressão europeia.
A qualidade audio é excelente e a embalagem também. Por isso avisam-se os interessados que a mesma companhia que gravou a digressão europeia vai agora gravar e editar a digressão americana que começa este mês. Ide a:

http://www.dcddiscs.com/

Eu, apesar de já ter dois, estou a considerar seriamente comprar o concerto que calha na data do meu aniversário. É que nestas coisas eu sou um bocadito fetichista...

quarta-feira, 14 de setembro de 2005

no DVD - O regresso

Ontem a noite foi passada a ver o filme russo "O regresso". Gostei, visualmente deslumbrante, algures entre Tarkovski e um anúncio da Peugeot.



Mas a história foi o mesmo que nada. Onde estava a catarse que prometia? No fim o filme afunda-se completa e literalmente. Às vezes a beleza não chega...

Celebridade

Hoje pediram-me um autógrafo. Nunca percebo porque o fazem mas é coisa que me assusta, enternece e afaga o ego. Principalmente quando acontece fora de época e de esquemas de marketing.
Obrigado Joãozito, foi a cereja no bolo do meu dia!

terça-feira, 13 de setembro de 2005

Abracadabra

O Miguel Vale de Almeida no seu blog escreveu um comentário curioso acerca do programa Esquadrão G.
Cito:

"o mais curioso da noite foi isto: nem no programa propriamente dito, nem no stunt publicitário com a presença do Esquadrão no programa de Herman José, logo a seguir, alguma vez se referiu sequer que os rapazes são gay. Isto é, a sua gayness desapareceu depois do anúncio do programa nas últimas semanas. A sua gayness surge apenas confirmada nos sinais exteriores de... gayness - coisa que só pode acontecer se esses sinais forem os de um estereótipo*. Circularidade absoluta. O silêncio foi tal que quase suspeito que fosse combinado."

Essa do silêncio é de facto curiosa. Começa pelo nome do programa que prefere "G" a "Gay" com as letras todas.
Faz-me lembrar o You-know-who, o Voldemort dos livros do Harry Potter. Parece que não chamar as coisas pelos nomes nos protege do mal.

Isto recorda-me também um dos momentos mais divertidos da minha vida, quando fui pela primeira vez aos escritórios da minha editora para falar sobre o livro "Olhos de cão" e discutir o contrato. Em quase duas horas a conversar sobre o que eu tinha escrito nunca ninguém se atreveu a dizer as palavras "gay" ou "homossexual". Falava-se em "público específico", "tema invulgar na literatura portuguesa" mas andava-se ali à volta da coisa como se ao chamá-la pelo nome se conjurasse o diabo.

O mesmo na apresentação dos livros da Ana Zanatti. Falava-se na coragem dela escrever aquele livro mas não se explicava porque é que a coisa implicava coragem. Parece que se prefere viver num mundo de subentendidos...

Curiosamente, na contracapa do meu livro ninguém se atreveu a censurar a palavra "homossexualidade" que eu escarrapachei propositadamente na sinopse. Motivo porque alguns potenciais leitores que pegam no livro nas livrarias acabam depois por o largar apressadamente como se tivesse pegado na peste...

a batata

Ontem cheguei a casa totalmente exausto e dediquei a noite ao que sei fazer melhor que é transformar-me numa batata deitada em cima do sofá da sala. Pus no DVD o "Donnie Darko" que é um filme com três grandes virtudes:

1- Tem o Jake Gylenhaaaalocoiso:



2- Tem uma banda sonora deliciosa

3- Não precisa de cérebro para ser disfrutado porque seja como for aquilo não faz sentido nenhum mesmo que já se tenha visto 10 vezes.

segunda-feira, 12 de setembro de 2005

novos preconceitos

Este fim de semana fui à missa e descobri que me irritam mais os cristãos alegres do que os condenadores e castrantes.

Entra uma pessoa na igreja pronta para ouvir o sermão patético e retrógado de um velhote e afinal apanha com um padre com a mania que é "moderno" (mas stuck in the 70's) e que gosta de cantarolar mal amanhados versos sobre Jesus que se forçam para caber em versões à la escuteiro de canções de Bob Dylan, Rolling Stones e Jesus Christ Superstar. (E aposto que não pagam royalties pelo uso indevido! Porque é que a SPA não inspeciona as igrejas?).

Qual cereja em cima do bolo ainda inventam uma musiquita com coreografia para nos benzermos durante a reza do Pai Nosso como se a missa fosse uma catequese no jardim escola.

Mas o que é isto???!!!

Em condições "normais" já me é difícil levar uma missa a sério, mas coisas destas são um insulto à minha inteligência. É-me mais fácil acreditar num Deus que me queira penitente e me ameaçe com o fogo do inferno do que num que supostamente gosta de me ver a dançar uma benção coreografada ao som de músicas com maus versos e melodias infantis. Deus precisará de se rir?

Esta imposta alegria em louvor a Deus é ainda mais hipócrita que a sisudez a que eu estava habituado. Mas quem raio julga Jesus que é para nos obrigar a sentir-nos felizes e alegres? E que concepção infantilóide é esta da alegria? Vivemos num mundo cão e ainda temos de agradecer e parecer felizes? Não concebo nada de mais tirânico. Estaremos em Cuba e Deus é o Fidel Castro?

Enfim, eu julgava que já tinha enterrado o meu respeito pela religião há muito tempo mas mesmo assim ainda consegue vir alguém espetar mais um prego no caixão enterrado a 70 palmos debaixo da terra.

sexta-feira, 9 de setembro de 2005

Os heteros

Ontem fui ao jantar de despedida de solteiro de um amigo meu. Às tantas estava a dar conselhos sexuais a amigos que são pais de filhos e que começaram a vida sexual aos 15. Eu, que fui virgem até aos 23!!
Foi muito estranho ter uma data de gente que se volta para mim como se eu fosse o consultório da revista Maria, género: "pergunte-me o que sempre quis saber sobre sexo mas nunca ousou perguntar a ninguém".
Enfim, serviu de contrapeso ao chat da tarde com um amigo gay que me elucidava sobre a vida selvagem de um pinhal italiano à beira mar plantado...

quinta-feira, 8 de setembro de 2005

Psicose

Há 2 dias que sou perseguido pela música "Cielito lindo". Todos os músicos pedintes por que passo estão a tocá-la.
Já a ouvi nas seguintes versões:

- Acordeão (por ciganito no metro)
- Voz, guitarra e ferrinhos (por duo de velhotes na Rua do Carmo e o que cantava tinha uma voz excelente, por acaso)
- Violino, acordão e pandeireta (por ensemble romeno na esplanada da pastelaria Suiça)
- Violino e caixa de ritmos (por refugiado de leste no metro)
- Flauta de pã e caixa de ritmos (por agrupamento pseudo-asteca no Rossio)

Pergunto-me se isto será uma mensagem do além, um sinal de Deus ou um erro na Matrix.

Fiz um esforço para decifrar um significado trascendente nesta meta-coincidência mas só me ocorre uma coisa: esta canção faz-me sempre lembrar o casamento de uns amigos no México e o passeio de barco nos canais de Xochimilco onde pagámos uns pesos a um barco atafulhado de mariachis para nos cantarem umas canções. Como tinhamos de pedir as canções por nome acabámos, como bons gringos, por ouvir apenas "La cucaracha" e "Cielito lindo". Mas pronto, Mexico no seu melhor...

Ora estes meus amigos estão há 6 meses á espera que eu acabe uns quadros que me encomendaram. Será isto Deus a lembrar-me que tenho mesmo de acabar a coisa e que já devia ter vergonha na cara? Por outro lado, recuso-me a acreditar que o universo conjure tantos meios para um fim tão prosaico... enfim, a vida é um mistério (ou como diria a outra: "Life is a mistery, everyone must stand alone, etc, etc...")

PS- Juro que não ando a ler Paulo Coelho

quarta-feira, 7 de setembro de 2005

Nacionalismo parte 2

Ontem à noite romei com metade de Lisboa até Belém para ver o concerto da Mariza. Nunca a tinha visto ao vivo e valeu bem a pena. É certo que me atrasei e quando cheguei à zona já o concerto tinha começado, o que quer dizer que fiquei a 3km do palco, mas se calhar foi por bem. O que mais me impressionou no concerto foi o silêncio do povo. Eu estava bem longe do palco e ainda assim ouvia cada suspiro da fadista e cada roçagar de unha na corda da guitarra. Até o vendedores de pomada quase sussurravam quando apregoavam "quem quer vinho?" (Vinho???!!! Só mesmo num concerto de fado!). E depois a Torre de Belém iluminada a cor de rosa, a luz dos holofotes a coar-se pelas copas dos pinheiros, as faces cheias de portuguesissima e nostálgica saudade nos novos e velhos... Quase me faz parafrasear a própria Mariza e dizer: Portugal, tu sabes que eu sou teu...

...felizmente estas febres só me dão de vez em quando e não são sérias....

terça-feira, 6 de setembro de 2005

Esta noite sonhei com o Papa

Os sonhos são norma geral algo surrealistas, mas o que tive esta noite elevou consideravelmente a minha fasquia: sonhei que estava dentro de uma gaveta (!) juntamente com um bispo português que conversava com o Papa. Eu estava encarregado de lhes servir chá mas eles não se calavam e eu não conseguia interrompê-los. Entretanto estava uma rapariga à minha espera num carro porque precisava saber se o filme que eu lhe recomendara era realizado pelo Woody Allen ou pelo Neil Labute e só o Papa me poderia dar a resposta quando eu lhe servisse o chá.

Aposto que não há livro de interpretação de sonhos que me valha para isto...

Nacionalismo

Os idiotas da "juventude" nacionalista enviaram-me um mail a "promover" o blog deles. Só pelos títulos dos artigos achei que não valia a pena lê-los. Há coisas muito mais interessantes para aprender na net, como isto por exemplo:

http://www.pink-triangle.org/

E, num acesso de patriotismo, aqui fica a bandeira do meu país:

segunda-feira, 5 de setembro de 2005

o Katrina

Por ter acontecido nos Estados Unidos, ha duas coisas que tornaram a passagem deste furacão numa desgraça maior do que foi: as armas e as câmaras de filmar.

as criancas 2

Desfolhava eu a revista Visão com o meu sobrinho de 7 anos a espreitar por cima do meu ombro quando encontramos o anúncio do programa "Esquadrão G". Ele tinha estado milagrosamente calado até esse momento em que explode:
"Olha tio! É o anúncio do esquadrão gay! Mas eu não percebo uma coisa: Eles são um número impar e isso quer dizer que há sempre um que não pode fazer amor!"
Eu tentei não me rir às gargalhadas enquanto lhe dizia:
"Pois é, é muito estranho. Cinco é um número impar. Aprendeste isso na escola?"
"Não! Na escola não se aprende nada!"
e chateado com o rumo que a conversa estava a tomar voltou-me as costas e foi pintar o Tom e o Jerry com lápis de cera.

as crianças

Passei o dia de Sábado num parque aquático com os meus sobrinhos. Há uns bons 15 anos que não escorregava numa daquelas condutas. A mais divertida é a que de facto se assemelha a um esgoto porque é completamente coberta e escura e, como se desliza numa bóia, não se fica parado a meio com aquela sensação de o-meu-rabo-está-gordo-e-parece-uma-âncora. E pode-se guinchar como meninas porque está escuro e ninguém nos vê.
Depois, é sempre bom estar com crianças para perceber que a felicidade e a tristeza são puras criações mentais.
Um dia de insustentável leveza do ser (...exceptuando aquelas partes do rabo-âncora).

O som e a visao

Hoje resolvi abrir uma excepção e adicionar um link à barrinha da direita para um site que não é gerido pela familia Skramesto.

Pelos vistos isto dos blogs é tão fácil que até o amigo Galopim finalmente se converteu. Depois do iPod, depois do CD-R, depois do blog que mais poderemos esperar deste recém convertido ao maravilhoso mundo dos bits e pixels...??? Nuno, deixo-te a dica: PodCast!!!

Entretanto visitem o excelente (e digo excelente porque 90% das vezes estou de acordo com as opiniões expressas pelos seus autores):
http://sound--vision.blogspot.com/

quinta-feira, 1 de setembro de 2005

a scanner darkly



http://www.apple.com/trailers/warner_independent_pictures/a_scanner_darkly.html

Keanu Reeves em desenho animado de ficção cientifica! ...mas esta gente andará apostada em satisfazer os meus desejos mais impossíveis?!!! Será que devo esperar por um épico erótico de vampiros com o George Clooney, o Hugh Jackman e o Mark Ruffalo?!!! (nota a eventuais produtores/argumentistas de hollywood que leiam este blog: se não puderem ser vampiros também podem ser lobisomens, desde que tirem a camisa! Auuuuu!)

o navio e o comboio

Hoje ao pequeno almoço o meu namorado comentava o periodo pré-eleitoral da Noruega. Dizia ele que a Noruega lhe faz lembrar o Expresso do Oriente, só tem uma direcção e segue sempre em frente à mesma velocidade. E os políticos são como os criados, pouco importa quem sejam ou que comida sirvam, a comboio segue sempre em frente.

Da minha parte argumentei que, nesse caso, Portugal é o Titanic e os politicos são os músicos do salão. Pouco importa quem são ou que música tocam porque toda a gente sabe que o barco se vai afundar.

(...e devo confessar que ando com uma ENORME vontade de me armar em ratazana...)