segunda-feira, 26 de setembro de 2005

Galactica vs 4400


versus



Foi um bom fim de semana passado a aquecer o sofá com o rabo. Na playstation rodaram os DVDs de duas séries encomendadas via amazon. Eis o veredicto:

1- HISTÓRIA
Mais uma vez se comprova que a força de uma narrativa não está tanto no que é contado mas no modo como é contado.
Ambas as séries têm histórias simples e previsiveis mas Galactica dá a volta por cima. Talvez benificie do facto de ser um remake. Os argumentistas e realizador pegaram na matéria bruta já existente e depuraram, expandiram e puseram tudo a funcionar como um mecanismo bem oleado.

Por seu lado 4400 é hesitante, simplista, superficial e inconsequente. Tem um excelente ponto de partida mas não sabe em que direcção seguir e por isso não vai a lado nenhum.

2- EFEITOS ESPECIAIS
Galactica dá baile a qualquer série de FC jamais feita em televisão. Não porque tenha grandes efeitos especiais (que até os tem) mas porque sabe quando não os usar. Cenas como os saltos para o hiperespaço e algumas explosões são exemplos de inteligência narrativa e têm algum do maior impacto emocional pela simples razão de que não se vêem!!! É criado uma tal expectativa e tensão à volta delas que se fossem mostradas visual e literalmente só podiam resultar em decepção. Um realizador que consegue evitar essa armadilha e fazer a ausência resultar melhor que a presença merece um aplauso em pé.

4400 por seu lado está sempre à beira do kitsch. Já se viu aquilo tudo e mais bem feito.

3- ACTORES
Há uma magia qualquer quando os actores verdadeiramente encarnam as personagens. Galactica tem a sorte de ser servida por 3 ou 4 actores estupendos que por sua vez arrastam todos os outros para a excelência. O destaque vai para Edward James Olmos (um fortíssimo capitão adama) mas principalmente para Mary McDonnell, que embora faça o seu papel de sempre (mulher à beira de um ataque de nervos de aço), é um papel que faz muito bem e que dá a toda a série uma dimensão humana quase transcendente. É ela quem carrega a série toda aos ombros.

4400, devido aos seus diálogos simplistas e inconsequentes não deixa ninguém brilhar, mas também não me parece que haja por lá ninguém com esse potencial.

Curiosamente nenhum das duas séries tem gajos giros capazes de tirar a camisola e fazer a coisa valer mesmo a pena, mas a medalha vai outra vez para galactica precisamente pelo elenco de rapazitos secundários que, por serem tão "normais" são deliciosamente apetecíveis. Nesse aspecto 4400 fica-se pelo standard plástico americano que é por demais enjoativo.

4- MÙSICA

Não falaria nisto não fosse o caso de as diferenças serem tão óbvias.
Galactica surpreende com uma banda sonora minimalista e apenas pontual de tambores tribais ou vozes étnicas. Pelos vistos alguém andou a ver ANIME (lembrou-me um pouco a banda sonora de AKIRA) e aprendeu uma lição. As batalhas espaciais com tambores tribais tornam-se incrivelmente viris e a tensão dramática que já existe por si nas outras cenas dispensa de facto música.

4400 é o exemplo de como o kitsch musical pode ajudar a matar qualquer coisa. Afogar todas as cenas tristes em óboés, flautas e pianos electricos é completamente dispensável. É efeito barato.
Há também o momento "magnólia" em que uma canção pop passa na íntegra enquanto vemos múltiplas personagens nos seus dramas pessoais. Mas nem a canção é boa nem o efeito conseguido ou justificável.

VEREDICTO FINAL:

Galactica - 5 estrelinhas e muito entusiasmo
4400 - 2 estrelinhas e grande decepção

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