sexta-feira, 11 de agosto de 2006

Braga

O que nos faz gostar ou não de uma cidade?
Porque gosto eu de Glasgow e detesto Manchester?
Porque é que não vejo razão nenhuma para voltar a Viana do Castelo mas não me importava nada de me mudar para Braga?

Quando disse que ia passar as férias a Braga, alguns amigos meus olharam para mim sem perceber. Estaria eu a gozar? Teria batido com a cabeça?

Mas eu gosto de Braga. Tem um provincianismo tocante e um leve toque cosmopolita. Tão leve que nem consegue ser pretencioso. Tem espaço e as pessoas são simpáticas. Vêem-se montes verdes ao fundo das ruas. Tem padres e freiras. E tem tantos gays como qualquer outra cidade com a única diferença de que estes são quase todos casados (embora não uns com os outros).

Para além de em geral me sentir bem nas ruas de Braga, há também dois estabelecimentos comerciais que me dão vontade de morar perto deles.
A livraria Centésima página e o restaurante Cozinha da Sé.

Curiosamente, já tinha estado em ambos o ano passado. A livraria tinha organizado uma dramatização do meu livro infantil com fantoches (!) e o vendedor da minha editora levou-nos a almoçar nesse restaurante. Já na altura foi uma excelente introdução a Braga. Mas agora que cá estou há 5 dias consigo ver melhor como é importante para uma cidade ter sítios com gente que faz bem feito o que gosta de fazer e onde se é invariavelmente bem vindo.


A livraria Centésima página mudou-se recentemente para o centro da cidade. É um espaço muito agradável, com uma optima selecção de livros, uma luz sedutora e tem ainda um cafézinho com uns bolos caseiros fabulosos. Porque é que em Lisboa ninguém consegue fazer uma livraria assim? Uma livraria onde dá gosto ESTAR. Se eu vivesse em Braga passava lá as tardes e tinham de me enxotar ao fim do dia.

O restaurante Cozinha da Sé também tem uma magia qualquer. Apesar dos quadros aterradores e dos candeeiros intimidantes está-se lá muito bem. O menu, à primeira vista parece modesto mas quando as doses chegam à mesa percebe-se logo que vai ser preciso voltar. E com serviço atento e genuinamente simpático como aquele eu seria capaz de lá ir todas as semanas. No mínimo. É que, ainda por cima, nem é caro.

Braga tem qualquer coisa. E nem as hordes de emigrantes em vacances, nem os incêndios, nem o calor infernal de Agosto me tiram o prazer de estar aqui, num Portugal que é autêntico mas não deprimente. Ou seja, como devia e podia ser em todo o lado.

PS – A juntar à lista de establecimentos recomendados: O Hotel Quinta de Infias e o Restaurante vegetariano Anjo Verde (que compensa os empregados de trombas com a excelente comida).

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