A pedido de várias famílias, um momento de escrita para teatro:
Clube dos poetas mortos, na nuvenzinha cor de rosa que lhes está reservada lá no céu e de onde podem disfrutar do eterno pôr do sol que supostamente tanto lhes agrada:
Sophia: 
- Então Genito, onde achas que vão pôr citações dos teus poemas?
Eugénio: 
- Os meus poemas são cada pedra, cada folha, cada raiz. 
Sophia: 
- Não é isso, palerma. Olha, por exemplo, cada turista que vai ao oceanário tem que aturar uns versinhos meus em cada canto. Se sobem ao Castelo de São Jorge a ver a vista, lá está um poemita meu numa plaquinha. Assim, com sorte, os meus quadrinetos vão estar a ganhar anualmente mais dinheiro com a minha obra do que eu ganhei a vida toda. 
Teixeira (de Pascoaes): 
- Vocês têm sorte, morrerem em tempo de tanta construção nova. A mim só me calhou um banquinho frente à torre de Belém para turistas peidorrentos. 
Sophia: 
- Então, o que achas que preferes? A Casa da Música, as Estações do Metro ou o Estádio do Dragão? Se calhar o estádio é o melhor, tu deves ter uns versitos sobre a relva, não? 
Eugénio: 
- Mas isso tem mesmo de ser? Têm mesmo que gravar as minhas palavras em pedra, metal ou acrílico?
Fernando: 
- É o único caminho para a imortalidade do poeta. Isso ou uma estátua onde os turistas se possam sentar ao teu colo para tirar fotos.
Eugénio: 
- Eu de facto tenho uma ideiazita...
Sophia: 
- Então conta lá à malta, Genito. Não te acanhes.
Eugénio: 
- Eu a modos que via assim um mega neon circular por cima do Porto todo e depois, em grande letras ao longo da margem do rio, para se ler dos miradouros de Gaia: "Era um burgo feio e sujo, mas gostava tanto de lhe pôr um diadema na cabeça"
Luís (de Camões): 
- Parece-me uma boa idéia, mas nas actas do clube já se reservou para um tal de Carlos Tê, o futuro espaço de plaquinha em miradouros de Gaia para pôr a popular citação: "ver-te assim abandonada, nesse timbre pardacento". 
...silêncio entre os poetas...
Eugénio: 
- ...sim, mas é claro que o neon só ia funcionar durante um mandato camarário!
cai o pano
terça-feira, 14 de junho de 2005
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1 comentário:
Lindo!
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