segunda-feira, 27 de junho de 2005

No teatro - "A cibernetica" e "O meu pé de laranja lima"

Este fim de semana ficou marcado por duas idas ao teatro.

Na sexta feira, "A cibernética" peça de Possidónio Cachapa.

Uma rapariga que vive encerrada no seu quarto e que usa apenas a internet para interagir com o mundo, vê a sua realidade abalada pela chegada de um funcionário que lhe vem cortar o cabo de internet devido a um pagamento atrasado.

No geral a peça funciona bastante bem, graças a alguns momentos de diálogo brilhante e à prestação do actor Angelo Torres. Ficou no entanto a sensação de que o Possidónio, no último terço da peça seguiu o caminho de uma espécie de moralismo fácil no contraste entre a tecnologia e a natureza. A mim teria interessado mais ver as personagens a emergirem de um conflito pessoal do que a tornarem-se boca para um discurso algo tipificado.
Fico à espera de "A Cibernética 1.5"

No Sábado, "O meu pé de laranja lima", peça baseada no romance de José Mauro de Vasconcelos.

Devo admitir que o meu único motivo para ter ido ver esta peça foi ter um amigo que representava nela. Esperava o pior.
Afinal, fui agradavelmente surpreendido. A prestações dos actores eram bastante boas e a actriz protagonista (de cujo nome infelizmente não me lembro) no papel do rapazito Zézé era absolutamente notável.
Algumas opcões cénicas que a princípio me fizeram temer o pior (por ex., o pé de laranja lima era representado por um feixe de luz) acabaram por se tornar acertadas porque a história passou com tremenda força. No final, havia poucos olhos enxutos na sala, e muito soluço se ouviu entre o público.
Percebe-se porque é que os clássicos são os clássicos. Mesmo numa peça que se limita a evocar as cenas mais marcantes do livro, a história brilha intensamente e deixa o público emocionado.
Palmas!

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