quarta-feira, 26 de abril de 2006

Mirrormask

Lá fui ao IndieLisboa ver o "Mirrormask" do Dave McKean e Neil Gaiman.

Começou por ser giro ver que a audiência era quase toda composta por pessoal da faculdade de Belas Artes. Senti-me um bocadito velho ao pensar que foi há exactamente 10 anos que saí de lá.

Quanto ao filme, a sensação foi um bocado parecida. É um filme datado. Embora tenha saído o ano passado teria tido muito mais impacto há 10 anos quando o Dave McKean era o rei do mundo da ilustração. Mas é claro, estas coisas levam muito tempo a fazer.

No geral, o filme é bom. Bastante melhor do que eu esperava.Há uma enorme consistência entre a história e o universo visual mas isso é porque o Dave e o Neil são almas gémeas que se auto-estimulam para terem orgasmos sincronizados.
O único problema da coisa é a música, com um saxofone armado em étnico ajudado por umas tablas armadas em jazzy cool que saltaram directamente de 1992 e tentam puxar o filme para o infantil quando é mais que sabido que as crianças que gostam de Dave McKean têm todas mais de 16 anos.

É curioso ver como há coisas que são tão o seu tempo e como o tempo dura cada vez menos. Este filme teria sido genial há 10 anos, mas chegou tarde. De qualquer maneira, ainda bem que chegou. São 2 horas visualmente inspiradas e inspiradoras. Daqui a uns 10 ou 20 anos, quando os anos 90 já estiverem com as fronteiras cronológicas mais diluídas, este filme provavelmente vai ser uma referencia incontornável e já deve ser possível disfrutar dele sem este saborzinho decepcionante de coisa fresca com prazo de validade expirado.

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