Mesmo que haja qualquer coisa de dura verdade nesta analogia de Dom Quixote e Sancho Pança, a nossa relação nunca foi essa. O Jaime para mim é um… (deus, a nossa família é tão complicada!)… um primo, um irmão, um amigo, um amante. É o meu…amado.
Mas deixa-me explicar-te a genealogia. É muito simples até, mas, não sei porquê (e, de momento, nem quero tentar saber porquê), enredámo-nos todos numa teia enganosa porque se trocaram nomes (e até pessoas…mas já lá chegaremos…).
O meu pai era, de facto, sobrinho da tia Júlia. Foi por isso que a minha mãe sempre lhe chamou isso. E eu, de ouvir a minha mãe, chamava-lhe isso também.
O Jaime chamava-lhe avó Júlia porque ela fora casada com o senhor Augusto, verdadeiro avô dele, mas ela não fora mãe do pai do Jaime.
Ou seja, eu e o Jaime se calhar nem somos suficientemente chegados por laços de sangue para sequer nos chamarmos primos. Crescemos em casas diferentes, mas fomos criados como se fôssemos irmãos. Morávamos com duas ruas de premeio, mas acabávamos sempre por fazer uma pequena família, eu e a minha mãe, o Jaime e a avó dele. É que, a toda a volta, para onde quer que se olhasse nos ramos da árvore geneológica, só havia mortos. E desses, evitava falar-se. Principalmente do meu pai, porque a minha mãe nunca lhe perdoou o facto de ele se ter enforcado na cozinha, no dia do meu primeiro aniversário.
sexta-feira, 25 de novembro de 2005
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2 comentários:
Quero mais.Gostei da parte dos mortos na árvore geneolágica.E da espécie de incesto,não incesto rebuscado.
Humor sarcástico, meio perverso, como eu gosto.
Interessante que nas tuas histórias o pai é sempre um bocado ausente...
A resposta é simples: o bom e velho freudiano complexo de édipo.
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