quinta-feira, 26 de abril de 2007

relatorio IndieLisboa 4

25 de Abril
THE HOTTEST STATE de Ethan Hawke + ANALOG DAYS de Mike Ott

Uma tarde passada na América profunda. Ethan Hawke a passear-se por Nova Iorque, Texas e México (sim, o México dos Americanos - e eu tenho esta teoria de que o verdadeiro sonho americano é assaltar um banco e fugir para o México...). Mike Ott a fixar o olhar sobre uma cidadezinha cujo nome não me lembro mas também não interessa.
A virtude dos americanos é que conseguem quase sempre fazer filmes competentes sem tédio visual. O seu grande defeito é que tendem quase sempre a deixar-nos uma sensação de inconsequência descartável. Nem Hawke nem Ott nos dizem nada que não soubessemos já acerca da america e dos americanos, ou dos homens e das mulheres, dos adolescentes e das adolescentas.

Hawke pareceu-me apaixonado demais pela sua própria história (é uma adaptação do seu romance) e o filme podia beneficiar bastante de um corte de 15 minutos. Mas tem bons diálogos a balançar entre o pseudo-erudito e a psicologia-farinha-amparo sem nunca se comprometer. E uma luminosa Laura Linney a dar credibilidade a diálogos que podiam ser o calcanhar de Aquiles do filme mas que acabam por se transformar nos seus momentos de maior frescura e luz.
É um filme de gaja (ai a nossa relação, como foi, como é como vai ser. Eu amo-te, tu não me amas, afinal amamo-nos mas não fomos feitos para ficar juntos....aaaaaaaarrrrrgggghhhh!!!), com todos o ingredientes para poder ser um desastre (a banda sonora deve ser um horror ouvida fora de contexto) mas que, milagrosamente, funciona bem. Mas é como aquelas piscinas rasas que parecem muito fundas. Ok para nadar, mas desapontante para quem quiser dar mergulhos.

Quanto a Analog Days, descreve bem a vida de quatro adolescentes angustiados por viverem na America profunda e terem um bocadito de cérebro. Mas o filme não vai a lado nenhum porque as personagens são realisticamente apáticas. Dentro do género, Ghost World conseguia muito mais,embora eu continua a achar que aquele autocarro não devia ter vindo... Nesse aspecto talvez seja mais interessante o final de Analog days, com o seu corte face ao semáforo. Filme morno do princípio ao fim, com boa musica e cores curiosas. Realizador promissor (e muito simpático). O seu semáforo está verde, senhor Ott. Faça favor de avançar.

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