terça-feira, 10 de abril de 2007

o que ha de gay no indielisboa?

LE DERNIER DES FOUS
Laurent Achard, fic., França, 2006, 96’
20, sexta, 22h00, King 1 • 22, domingo, 17h45, King 3 • 26, quinta, 16h00, King 1
Achard transporta-nos para a vida de uma família na sua quinta em decadência, à semelhança da própria estrutura familiar. Martin, um rapaz de 11 anos, assiste impotente à falência da família. Separada do mundo que a rodeia, a mãe vive fechada no quarto. O irmão mais velho, que ele adora, afoga as mágoas em álcool. O pai, é um espectador impotente do declínio da família. Nenhum dos membros parece “tecnicamente” louco, mas anos de desespero e o vazio existencial levam-nos à verdadeira tragédia da decadência desta família: a sua incapacidade de comunicar. Uma brilhante viagem pelo caminho sem retorno que esta família percorre num trágico e quente Verão.

Competição Curtas 6 89’
24, TERÇA, 18H15, KING 2 • 27, SEXTA, 00H15, KING 2
BUGCRUSH: Ben, que vive numa pequena cidade, começa a descobrir a sexualidade, mas esse não se revela um caminho fácil. Até ao dia em que conhece Grant, um rapaz fascinante que o vai conduzir até um mundo onde a alucinação se mistura com o sexo...

BIG BANG LOVE, JUVENILE A
Miike Takashi, fic., Japão, 2006, 85’
27, Sexta, 19h15, São Jorge 1
Ousado e profundamente emotivo, este filme irá certamente surpreender os fãs do trabalho de Takashi Miike e prender a atenção de todos os que procuram novas e introspectivas formas de contar histórias. Apesar da sua já vasta filmografia, o realizador continua a surpreender-nos. Mais uma vez actores e audiência são guiados através do labirinto da sua filosofia visionária. Enigmático e visualmente hipnotizante, BIG BANG LOVE, JUVENILE A capta a essência do universo moral de Takashi Miike como uma espécie de pedra preciosa rara, que brilha com uma intensidade ofuscante.

SHORTBUS
John Cameron Mitchell, fic., EUA, 2006, 102’
26, Quinta, 21h45, São Jorge 1
Várias personagens com algo em comum: uma vida emocional e sexual insatisfatória. Uma viagem, ao mesmo tempo trágica e cómica, pelos meandros de um bar especial. Uma terapeuta sexual que nunca teve um orgasmo, uma dominadora que não consegue manter relacionamentos, um casal gay que tenta decidir se deve ou não manter uma relação mais liberal, e as pessoas que entram e saem nas suas vidas. John Cameron Mitchell junta-os numa festa semanal chamada Shortbus, uma louca mistura de arte, música, política e de diversos desejos e fantasias sexuais. Um filme que aborda, com uma espantosa frontalidade, as novas formas de conciliar o racional com os prazeres da carne e as necessidades imperativas do coração. Uma interessante e franca abordagem à psique humana das novas gerações, no contexto das grandes cidades.

Observatório Curtas 3 87’
21, Sábado, 21h45, KING 2 • 23, Segunda, 15h30, KING 2
I JUST WANTED TO BE SOMEBODY responde-nos à pergunta: o que é que o direito religioso e o movimento de liberdade gay têm em comum? Ambos foram fortalecidos pelos esforços de uma mulher: Anita Bryant.

DESTRICTED
Sam Taylor-Wood, Richard Prince, Larry Clark, Matthew Barney, Marco Brambilla, Gaspar Noe, Marina Abramovic exp., Reino Unido/EUA, 2006, 115’
20, Sexta, 22h15, Fórum Lisboa • 28, Sábado, 22h15, Fórum Lisboa
Sete notáveis e aclamados artistas foram convidados a realizar curtas-metragens que espelhassem as suas visões sobre sexo e pornografia. O resultado é uma colecção de argumentos estimulantes e provocadores, livres de censura, com humor e apelo sexual. • Sync (Marco Brambilla) mostra um frenético exercício de montagem que alinha imagens de diversos filmes pornográficos, ao ritmo de um solo de bateria. • Death Valley (Sam Taylor-Wood) é a curta aparentemente mais simples, mas a sua crueza convida a diversas reflexões. • House Call (Richard Prince) transporta-nos para os anos dourados dos vídeos pornográficos, numa altura em que a pornografia no cinema ainda era tabu. • Balkan Erotic Epic (Marina Abramovic) relata com um humor desarmante os mitos sobre a fertilidade e a virilidade nos Balcãs. • Hoist (Matthew Barney) começa com um tractor transformado em carro alegórico para o Carnaval da Baía. Debaixo do tractor içado, um homem com o corpo repleto do que parecem ser pinturas tribais “lubrifica” o eixo com o seu próprio pénis. • We Fuck Alone (Gaspar Noé) : uma rapariga e um rapaz, em quartos diferentes, assistem ao mesmo filme pornográfico enquanto se masturbam. A abordagem quase iconoclasta faz com este acto tanto pareça sadio (rapariga) como doentio (rapaz). • Impaled (Larry Clark) faz um relato semi-documental de como o acesso fácil à pornografia determina os desejos da geração dos anos 80. Vários jovens entre os 19 e os 23 anos são convidados a falarem da sua experiência com a pornografia e das suas fantasias sexuais.

VIVA
Anna Biller, fic., EUA, 2007, 120’
21, Sábado, 00h30, KING 1 • 25, Quarta, 21h45, São Jorge 1
Viva conta as aventuras de uma dona de casa entediada que vai viver a revolução sexual que acontece na Califórnia, por volta de 1970. O filme tem muitas qualidades e encantos, que derivam em grande parte da forma exótica como foi pensado, com grande atenção aos detalhes (repare-se nos décors ultra coloridos, nos penteados e roupas). A realizadora passou alguns anos a coleccionar as roupas e adereços mais bizarros que encontrava. Os corpos dos actores fogem aos padrões actuais de beleza, também eles são exuberantes nas formas. Recriando o look dos filmes eróticos dos anos 70, Biller recorre a uma original e divertida forma para nos mostrar como tem sido retratada, ao longo dos últimos quarenta anos, a moralidade sexual e a liberdade feminina, pelos media, pela arte e pelo cinema. Irresistivelmente kitsch e camp, VIVA é merecedor do culto prestado aos mais loucos filmes de Russ Meyer e de John Waters.

V. O.
William E. Jones, exp., EUA, 2006, 59’
21, Sábado, 18h45, São Jorge 3 • 24, Terça, 23h30, São Jorge 3
V.O. combina imagens de filmes pornográficos homossexuais produzidos antes de 1985 com os diálogos de grandes clássicos da história do cinema, tais como “La Chienne” de Jean Renoir, “Los Olvidados” de Luis Buñuel, “Society of Spectacle” de Guy Debord e “Amor de Perdição” de Manoel de Oliveira. As colisões resultantes - por vezes cómicas, normalmente melancólicas - prestam tributo a uma época passada, não apenas da vida “gay”, mas também da cinefilia.

I DON’T WANT TO SLEEP ALONE
Tsai Ming-Liang, fic., Taiwan/França, 2006, 118’
26, Quinta, 19h00, Fórum Lisboa
Tsai Ming-liang, um dos mais conceituados realizadores de Taiwan, filmou este seu último filme na Malásia, país onde estão as suas origens. Rodado em diversos locais de Kuala Lumpur, a história centra-se nas divisões étnicas que existem naquela sociedade. A lembrar um pouco a história do “bom samaritano”, a personagem principal é um emigrante do Bangladesh, que vive miseravelmente mas mesmo assim compadece-se de um chinês que foi espancado e abandonado no meio da rua, e cuida dele. Quando este está praticamente recuperado conhece uma empregada de mesa, e a sua relação com o homem que cuidou dele vai ser posta à prova... Uma história sombria e carregada de desejos perversos que, apesar da sua quase dantesca abordagem, tem como base e fio condutor a emigração e a segregação a que os imigrantes estão sujeitos.

3 comentários:

cynthia disse...

daniel
adoro o nome pequeno almoço, adoro mesmo!!! é engraçado como o português brasileiro é tão diferente, não tenho pequeno almoço, tomo "café da manhã", mesmo que nunca tome café... acho que vou mudar essa refeição.
prefiro o nome lusitano. definitivamente

um beijo

Daniel J. Skråmestø disse...

Pequeno almoço é também um nome mais fiel à refeição que eu tomo.... :-D

Anónimo disse...

Boa! assim já posso ir ver só os da temática =)

Thks!