27 de abril
BIG BANG LOVE, JUVENILE A de Miike Takashi
A banhada do ano. 2 horas da minha vida completamente perdidas.
Enfim, acontece...
- E o senhor, o que vai tomar?
-Era uma amnésia, se faz favor!
sexta-feira, 27 de abril de 2007
Melhor "boca" do IndieLisboa
Ouvido numa sala de cinema antes do filme começar:
"O Electroma dos Daft Punk é assim como que uma mistura do Blade Runner com o "Olhó Robot" da Lena d'àgua"
"O Electroma dos Daft Punk é assim como que uma mistura do Blade Runner com o "Olhó Robot" da Lena d'àgua"
relatorio IndieLisboa 5
26 de Abril
LA ANTENA de Esteban Sapir
É refrescante quando um filme nos surpreende por conseguir homenagear visualmente dezenas de outros filmes ao mesmo tempo que consegue manter uma unidade visual única, inventiva, e belíssima. Junte-se a isso uma fábula de um onirismo inteligente e de intervenção politica e... que mais se pode pedir de um filme?
É uma homenagem aos clássicos que consegue ser quase um clássico instantâneo por si só. A verdadeira arte é isto: artificialismo total com humanismo tocante e inteligencia provocadora.
Imperdível!
(volta a passar sábado 28 pelas 15h15 no King 3)
LA ANTENA de Esteban Sapir
É refrescante quando um filme nos surpreende por conseguir homenagear visualmente dezenas de outros filmes ao mesmo tempo que consegue manter uma unidade visual única, inventiva, e belíssima. Junte-se a isso uma fábula de um onirismo inteligente e de intervenção politica e... que mais se pode pedir de um filme?
É uma homenagem aos clássicos que consegue ser quase um clássico instantâneo por si só. A verdadeira arte é isto: artificialismo total com humanismo tocante e inteligencia provocadora.
Imperdível!
(volta a passar sábado 28 pelas 15h15 no King 3)
quinta-feira, 26 de abril de 2007
relatorio IndieLisboa 4
25 de Abril
THE HOTTEST STATE de Ethan Hawke + ANALOG DAYS de Mike Ott
Uma tarde passada na América profunda. Ethan Hawke a passear-se por Nova Iorque, Texas e México (sim, o México dos Americanos - e eu tenho esta teoria de que o verdadeiro sonho americano é assaltar um banco e fugir para o México...). Mike Ott a fixar o olhar sobre uma cidadezinha cujo nome não me lembro mas também não interessa.
A virtude dos americanos é que conseguem quase sempre fazer filmes competentes sem tédio visual. O seu grande defeito é que tendem quase sempre a deixar-nos uma sensação de inconsequência descartável. Nem Hawke nem Ott nos dizem nada que não soubessemos já acerca da america e dos americanos, ou dos homens e das mulheres, dos adolescentes e das adolescentas.
Hawke pareceu-me apaixonado demais pela sua própria história (é uma adaptação do seu romance) e o filme podia beneficiar bastante de um corte de 15 minutos. Mas tem bons diálogos a balançar entre o pseudo-erudito e a psicologia-farinha-amparo sem nunca se comprometer. E uma luminosa Laura Linney a dar credibilidade a diálogos que podiam ser o calcanhar de Aquiles do filme mas que acabam por se transformar nos seus momentos de maior frescura e luz.
É um filme de gaja (ai a nossa relação, como foi, como é como vai ser. Eu amo-te, tu não me amas, afinal amamo-nos mas não fomos feitos para ficar juntos....aaaaaaaarrrrrgggghhhh!!!), com todos o ingredientes para poder ser um desastre (a banda sonora deve ser um horror ouvida fora de contexto) mas que, milagrosamente, funciona bem. Mas é como aquelas piscinas rasas que parecem muito fundas. Ok para nadar, mas desapontante para quem quiser dar mergulhos.
Quanto a Analog Days, descreve bem a vida de quatro adolescentes angustiados por viverem na America profunda e terem um bocadito de cérebro. Mas o filme não vai a lado nenhum porque as personagens são realisticamente apáticas. Dentro do género, Ghost World conseguia muito mais,embora eu continua a achar que aquele autocarro não devia ter vindo... Nesse aspecto talvez seja mais interessante o final de Analog days, com o seu corte face ao semáforo. Filme morno do princípio ao fim, com boa musica e cores curiosas. Realizador promissor (e muito simpático). O seu semáforo está verde, senhor Ott. Faça favor de avançar.
THE HOTTEST STATE de Ethan Hawke + ANALOG DAYS de Mike Ott
Uma tarde passada na América profunda. Ethan Hawke a passear-se por Nova Iorque, Texas e México (sim, o México dos Americanos - e eu tenho esta teoria de que o verdadeiro sonho americano é assaltar um banco e fugir para o México...). Mike Ott a fixar o olhar sobre uma cidadezinha cujo nome não me lembro mas também não interessa.
A virtude dos americanos é que conseguem quase sempre fazer filmes competentes sem tédio visual. O seu grande defeito é que tendem quase sempre a deixar-nos uma sensação de inconsequência descartável. Nem Hawke nem Ott nos dizem nada que não soubessemos já acerca da america e dos americanos, ou dos homens e das mulheres, dos adolescentes e das adolescentas.
Hawke pareceu-me apaixonado demais pela sua própria história (é uma adaptação do seu romance) e o filme podia beneficiar bastante de um corte de 15 minutos. Mas tem bons diálogos a balançar entre o pseudo-erudito e a psicologia-farinha-amparo sem nunca se comprometer. E uma luminosa Laura Linney a dar credibilidade a diálogos que podiam ser o calcanhar de Aquiles do filme mas que acabam por se transformar nos seus momentos de maior frescura e luz.
É um filme de gaja (ai a nossa relação, como foi, como é como vai ser. Eu amo-te, tu não me amas, afinal amamo-nos mas não fomos feitos para ficar juntos....aaaaaaaarrrrrgggghhhh!!!), com todos o ingredientes para poder ser um desastre (a banda sonora deve ser um horror ouvida fora de contexto) mas que, milagrosamente, funciona bem. Mas é como aquelas piscinas rasas que parecem muito fundas. Ok para nadar, mas desapontante para quem quiser dar mergulhos.
Quanto a Analog Days, descreve bem a vida de quatro adolescentes angustiados por viverem na America profunda e terem um bocadito de cérebro. Mas o filme não vai a lado nenhum porque as personagens são realisticamente apáticas. Dentro do género, Ghost World conseguia muito mais,embora eu continua a achar que aquele autocarro não devia ter vindo... Nesse aspecto talvez seja mais interessante o final de Analog days, com o seu corte face ao semáforo. Filme morno do princípio ao fim, com boa musica e cores curiosas. Realizador promissor (e muito simpático). O seu semáforo está verde, senhor Ott. Faça favor de avançar.
quarta-feira, 25 de abril de 2007
Relatorio IndieLisboa 3
FAY GRIM, de Hal Hartley - A sessão ajudou para perceber que tenho mesmo uma grande identificação com o senhor Hal Hartley. Se me pedissem para falar a um São Jorge cheio de fãs (e salpicado de artistas) provavelmente também diria apenas meia dúzia de generalidades atrapalhadas com uma tentativa de piada coxa pelo meio.
Quanto ao filme... não é bom. Mas também não é mau. Se fosse de outro autor provavelmente ficaria na total indiferença, assim, serviu apenas para matar saudades. Vá fazer outro filme, senhor Hartley, e depois logo falamos.
Quanto ao filme... não é bom. Mas também não é mau. Se fosse de outro autor provavelmente ficaria na total indiferença, assim, serviu apenas para matar saudades. Vá fazer outro filme, senhor Hartley, e depois logo falamos.
segunda-feira, 23 de abril de 2007
Erik Enocksson - a banda sonora de Falkenberg Farewell
Um filme excelente pode dever bastante a uma excelente banda sonora. É o caso de Falkenberg Farewell. Erik Enockson fez um trabalho musical notável que apetece comprar em http://www.kningdisk.com (apenas 999 cópias feitas à mão)
Prevejo que daqui a uns meses toda a fauna jovem indie deprimida ande a ouvir isto enquanto espera por um novo album dos Sigur Rós. Mas cliquem no titulo deste post para se adiantarem à onda e ajudar ao inevitável hype: o compositor deixa baixar gratuitamente três musiquinhas na sua página do myspace. Bendito seja, ainda há gente a merecer o céu!
Prevejo que daqui a uns meses toda a fauna jovem indie deprimida ande a ouvir isto enquanto espera por um novo album dos Sigur Rós. Mas cliquem no titulo deste post para se adiantarem à onda e ajudar ao inevitável hype: o compositor deixa baixar gratuitamente três musiquinhas na sua página do myspace. Bendito seja, ainda há gente a merecer o céu!
Adios!
Relatorio IndieLisboa 2
Sessões de domingo 22
A SCANNER DARKLY de Richard Linklater é uma experiencia curiosa de adaptação para cinema de uma novela de Philip K. Dick em que a transformação de imagem real em animação faz todo o sentido. Ainda assim, mesmo sem ter lido o livro, fico com a certeza que só pode ser melhor que o filme.
FALKEBERG FAREWELL, de Jesper Ganslandt, foi a revelação de uma pequena obra-prima. Uma pérola de sensibilidade e ousadia cinematográfica. Por mim, pode já ganhar os prémios todos do festival. Ponham louros na cabeça do realizador, chamem as atiradoras de pétalas de rosa e estendam-lhe a passadeira para o pódium.
Oh, que maravilha de filme!!!
Volta a passar terça 24 às 18h45 no São Jorge. (E, se houver justiça, no dia dos filmes premiados!)
A SCANNER DARKLY de Richard Linklater é uma experiencia curiosa de adaptação para cinema de uma novela de Philip K. Dick em que a transformação de imagem real em animação faz todo o sentido. Ainda assim, mesmo sem ter lido o livro, fico com a certeza que só pode ser melhor que o filme.
FALKEBERG FAREWELL, de Jesper Ganslandt, foi a revelação de uma pequena obra-prima. Uma pérola de sensibilidade e ousadia cinematográfica. Por mim, pode já ganhar os prémios todos do festival. Ponham louros na cabeça do realizador, chamem as atiradoras de pétalas de rosa e estendam-lhe a passadeira para o pódium.
Oh, que maravilha de filme!!!
Volta a passar terça 24 às 18h45 no São Jorge. (E, se houver justiça, no dia dos filmes premiados!)
domingo, 22 de abril de 2007
relatorio indie 1
Ao fim do terceiro dia de indie, ainda com pouca coisa vista, posso opinar que:
O filme de abertura, LIFE IN LOOPS, desiludiu-me bastante, talvez porque estava à espera de algo cinematograficamente mais radical. Mas afinal o realizador deixa-se levar pela força emotiva e narrativa das imagens originais de Michael Glawogger e mostra-se incapaz de as "quebrar" para as transformar em algo novo e seu.
a Sessão 1 de curtas metragens do Observatório foi bastante equilibrada na qualidade. Destaque para o delicioso "The saddest boy in the world" e para a perturbação psicológica de "Five more minutes" (dêm dinheiro a estas realizadoras para comprarem um bom equipamento de captação sonora, sff!)
V.O., de William E. Jones foi uma boa surpresa. O filme mistura imagens de filmes porno gay pré 1985 com diálogos de clássicos do cinema e suponho que só pode ser completamente apreciado se se perceber um pouco do submundo da pornografia gay e da história do cinema. Mas ver um tipo saído de um desenho do Tom of Finland, a fazer as malas (com as suas camisas de flanela e poppers) para deixar o seu amante ao som de um monologo tirado de "Amor de Perdição" de Manoel de Oliveira é hilariante, comovente e imperdível. Claro que em vez de uma hora de filme, 30 minutos teriam sido mais que suficientes para um exercício sem dúvida interessante mas com resultados de qualidade muito flutuante.
Angel, de François Ozon foi ao mesmo tempo uma divertida surpresa e uma previsível decepção. É uma pomposa e delicodoce adaptação de um romance escrito por Elisabeth Taylor (não a actriz!) e a sua grande ironia consiste em não ser irónico.
É talvez o equivalente cinematográfico às estátuas de porcelana de Jeff Koons. É raro ver coisas más tão bem feitas.
A maioria dos artistas fascinados pelo kitsch prefere recorrer a um distanciamento cool e fazer uso de material ready-made. Mas quando mergulham na fonte tão decididamente e, a partir do barro primordial da fuleirice, usam as suas talentosas mãos para criar um virtuoso mas absolutamente inútil bibelot biscuit... é assustador!
O filme atira-nos à cara o "feminino" no que pode ter de mais castrador e é capaz de provocar ataques de misoginia ao espectador incauto. Fica-se indeciso se o filme é de romance ou de terror. Um filme destes vindo de outra pessoa que não Ozon seria sem hesitação classificado como "uma grande bosta cor de rosa". Mas o "bom nome" do senhor Ozon leva-nos a pensar que se calhar isto é uma das obras de arte mais brilhantemente fechadas dentro do seu próprio universo, como uma pescadinha (de porcelana) que se comesse a si mesma pelo rabo (enquanto caga em cor-de-rosa).
O filme de abertura, LIFE IN LOOPS, desiludiu-me bastante, talvez porque estava à espera de algo cinematograficamente mais radical. Mas afinal o realizador deixa-se levar pela força emotiva e narrativa das imagens originais de Michael Glawogger e mostra-se incapaz de as "quebrar" para as transformar em algo novo e seu.
a Sessão 1 de curtas metragens do Observatório foi bastante equilibrada na qualidade. Destaque para o delicioso "The saddest boy in the world" e para a perturbação psicológica de "Five more minutes" (dêm dinheiro a estas realizadoras para comprarem um bom equipamento de captação sonora, sff!)
V.O., de William E. Jones foi uma boa surpresa. O filme mistura imagens de filmes porno gay pré 1985 com diálogos de clássicos do cinema e suponho que só pode ser completamente apreciado se se perceber um pouco do submundo da pornografia gay e da história do cinema. Mas ver um tipo saído de um desenho do Tom of Finland, a fazer as malas (com as suas camisas de flanela e poppers) para deixar o seu amante ao som de um monologo tirado de "Amor de Perdição" de Manoel de Oliveira é hilariante, comovente e imperdível. Claro que em vez de uma hora de filme, 30 minutos teriam sido mais que suficientes para um exercício sem dúvida interessante mas com resultados de qualidade muito flutuante.
Angel, de François Ozon foi ao mesmo tempo uma divertida surpresa e uma previsível decepção. É uma pomposa e delicodoce adaptação de um romance escrito por Elisabeth Taylor (não a actriz!) e a sua grande ironia consiste em não ser irónico.
É talvez o equivalente cinematográfico às estátuas de porcelana de Jeff Koons. É raro ver coisas más tão bem feitas.
A maioria dos artistas fascinados pelo kitsch prefere recorrer a um distanciamento cool e fazer uso de material ready-made. Mas quando mergulham na fonte tão decididamente e, a partir do barro primordial da fuleirice, usam as suas talentosas mãos para criar um virtuoso mas absolutamente inútil bibelot biscuit... é assustador!
O filme atira-nos à cara o "feminino" no que pode ter de mais castrador e é capaz de provocar ataques de misoginia ao espectador incauto. Fica-se indeciso se o filme é de romance ou de terror. Um filme destes vindo de outra pessoa que não Ozon seria sem hesitação classificado como "uma grande bosta cor de rosa". Mas o "bom nome" do senhor Ozon leva-nos a pensar que se calhar isto é uma das obras de arte mais brilhantemente fechadas dentro do seu próprio universo, como uma pescadinha (de porcelana) que se comesse a si mesma pelo rabo (enquanto caga em cor-de-rosa).
domingo, 15 de abril de 2007
Aperitivos para o IndieLisboa - 13
Floripes de Miguel Gonçalves Mendes
25 Abril, 22h15, Fórum Lisboa ● 27 Abril, 21h15, Londres 2
Acho que vou ver este filme só para ouvir "olhanense"...
Môços e môças: vaiam a ver este filme que é de almariar!
25 Abril, 22h15, Fórum Lisboa ● 27 Abril, 21h15, Londres 2
Acho que vou ver este filme só para ouvir "olhanense"...
Môços e môças: vaiam a ver este filme que é de almariar!
terça-feira, 10 de abril de 2007
o que ha de gay no indielisboa?
LE DERNIER DES FOUS
Laurent Achard, fic., França, 2006, 96’
20, sexta, 22h00, King 1 • 22, domingo, 17h45, King 3 • 26, quinta, 16h00, King 1
Achard transporta-nos para a vida de uma família na sua quinta em decadência, à semelhança da própria estrutura familiar. Martin, um rapaz de 11 anos, assiste impotente à falência da família. Separada do mundo que a rodeia, a mãe vive fechada no quarto. O irmão mais velho, que ele adora, afoga as mágoas em álcool. O pai, é um espectador impotente do declínio da família. Nenhum dos membros parece “tecnicamente” louco, mas anos de desespero e o vazio existencial levam-nos à verdadeira tragédia da decadência desta família: a sua incapacidade de comunicar. Uma brilhante viagem pelo caminho sem retorno que esta família percorre num trágico e quente Verão.
Competição Curtas 6 89’
24, TERÇA, 18H15, KING 2 • 27, SEXTA, 00H15, KING 2
BUGCRUSH: Ben, que vive numa pequena cidade, começa a descobrir a sexualidade, mas esse não se revela um caminho fácil. Até ao dia em que conhece Grant, um rapaz fascinante que o vai conduzir até um mundo onde a alucinação se mistura com o sexo...
BIG BANG LOVE, JUVENILE A
Miike Takashi, fic., Japão, 2006, 85’
27, Sexta, 19h15, São Jorge 1
Ousado e profundamente emotivo, este filme irá certamente surpreender os fãs do trabalho de Takashi Miike e prender a atenção de todos os que procuram novas e introspectivas formas de contar histórias. Apesar da sua já vasta filmografia, o realizador continua a surpreender-nos. Mais uma vez actores e audiência são guiados através do labirinto da sua filosofia visionária. Enigmático e visualmente hipnotizante, BIG BANG LOVE, JUVENILE A capta a essência do universo moral de Takashi Miike como uma espécie de pedra preciosa rara, que brilha com uma intensidade ofuscante.
SHORTBUS
John Cameron Mitchell, fic., EUA, 2006, 102’
26, Quinta, 21h45, São Jorge 1
Várias personagens com algo em comum: uma vida emocional e sexual insatisfatória. Uma viagem, ao mesmo tempo trágica e cómica, pelos meandros de um bar especial. Uma terapeuta sexual que nunca teve um orgasmo, uma dominadora que não consegue manter relacionamentos, um casal gay que tenta decidir se deve ou não manter uma relação mais liberal, e as pessoas que entram e saem nas suas vidas. John Cameron Mitchell junta-os numa festa semanal chamada Shortbus, uma louca mistura de arte, música, política e de diversos desejos e fantasias sexuais. Um filme que aborda, com uma espantosa frontalidade, as novas formas de conciliar o racional com os prazeres da carne e as necessidades imperativas do coração. Uma interessante e franca abordagem à psique humana das novas gerações, no contexto das grandes cidades.
Observatório Curtas 3 87’
21, Sábado, 21h45, KING 2 • 23, Segunda, 15h30, KING 2
I JUST WANTED TO BE SOMEBODY responde-nos à pergunta: o que é que o direito religioso e o movimento de liberdade gay têm em comum? Ambos foram fortalecidos pelos esforços de uma mulher: Anita Bryant.
DESTRICTED
Sam Taylor-Wood, Richard Prince, Larry Clark, Matthew Barney, Marco Brambilla, Gaspar Noe, Marina Abramovic exp., Reino Unido/EUA, 2006, 115’
20, Sexta, 22h15, Fórum Lisboa • 28, Sábado, 22h15, Fórum Lisboa
Sete notáveis e aclamados artistas foram convidados a realizar curtas-metragens que espelhassem as suas visões sobre sexo e pornografia. O resultado é uma colecção de argumentos estimulantes e provocadores, livres de censura, com humor e apelo sexual. • Sync (Marco Brambilla) mostra um frenético exercício de montagem que alinha imagens de diversos filmes pornográficos, ao ritmo de um solo de bateria. • Death Valley (Sam Taylor-Wood) é a curta aparentemente mais simples, mas a sua crueza convida a diversas reflexões. • House Call (Richard Prince) transporta-nos para os anos dourados dos vídeos pornográficos, numa altura em que a pornografia no cinema ainda era tabu. • Balkan Erotic Epic (Marina Abramovic) relata com um humor desarmante os mitos sobre a fertilidade e a virilidade nos Balcãs. • Hoist (Matthew Barney) começa com um tractor transformado em carro alegórico para o Carnaval da Baía. Debaixo do tractor içado, um homem com o corpo repleto do que parecem ser pinturas tribais “lubrifica” o eixo com o seu próprio pénis. • We Fuck Alone (Gaspar Noé) : uma rapariga e um rapaz, em quartos diferentes, assistem ao mesmo filme pornográfico enquanto se masturbam. A abordagem quase iconoclasta faz com este acto tanto pareça sadio (rapariga) como doentio (rapaz). • Impaled (Larry Clark) faz um relato semi-documental de como o acesso fácil à pornografia determina os desejos da geração dos anos 80. Vários jovens entre os 19 e os 23 anos são convidados a falarem da sua experiência com a pornografia e das suas fantasias sexuais.
VIVA
Anna Biller, fic., EUA, 2007, 120’
21, Sábado, 00h30, KING 1 • 25, Quarta, 21h45, São Jorge 1
Viva conta as aventuras de uma dona de casa entediada que vai viver a revolução sexual que acontece na Califórnia, por volta de 1970. O filme tem muitas qualidades e encantos, que derivam em grande parte da forma exótica como foi pensado, com grande atenção aos detalhes (repare-se nos décors ultra coloridos, nos penteados e roupas). A realizadora passou alguns anos a coleccionar as roupas e adereços mais bizarros que encontrava. Os corpos dos actores fogem aos padrões actuais de beleza, também eles são exuberantes nas formas. Recriando o look dos filmes eróticos dos anos 70, Biller recorre a uma original e divertida forma para nos mostrar como tem sido retratada, ao longo dos últimos quarenta anos, a moralidade sexual e a liberdade feminina, pelos media, pela arte e pelo cinema. Irresistivelmente kitsch e camp, VIVA é merecedor do culto prestado aos mais loucos filmes de Russ Meyer e de John Waters.
V. O.
William E. Jones, exp., EUA, 2006, 59’
21, Sábado, 18h45, São Jorge 3 • 24, Terça, 23h30, São Jorge 3
V.O. combina imagens de filmes pornográficos homossexuais produzidos antes de 1985 com os diálogos de grandes clássicos da história do cinema, tais como “La Chienne” de Jean Renoir, “Los Olvidados” de Luis Buñuel, “Society of Spectacle” de Guy Debord e “Amor de Perdição” de Manoel de Oliveira. As colisões resultantes - por vezes cómicas, normalmente melancólicas - prestam tributo a uma época passada, não apenas da vida “gay”, mas também da cinefilia.
I DON’T WANT TO SLEEP ALONE
Tsai Ming-Liang, fic., Taiwan/França, 2006, 118’
26, Quinta, 19h00, Fórum Lisboa
Tsai Ming-liang, um dos mais conceituados realizadores de Taiwan, filmou este seu último filme na Malásia, país onde estão as suas origens. Rodado em diversos locais de Kuala Lumpur, a história centra-se nas divisões étnicas que existem naquela sociedade. A lembrar um pouco a história do “bom samaritano”, a personagem principal é um emigrante do Bangladesh, que vive miseravelmente mas mesmo assim compadece-se de um chinês que foi espancado e abandonado no meio da rua, e cuida dele. Quando este está praticamente recuperado conhece uma empregada de mesa, e a sua relação com o homem que cuidou dele vai ser posta à prova... Uma história sombria e carregada de desejos perversos que, apesar da sua quase dantesca abordagem, tem como base e fio condutor a emigração e a segregação a que os imigrantes estão sujeitos.
Laurent Achard, fic., França, 2006, 96’
20, sexta, 22h00, King 1 • 22, domingo, 17h45, King 3 • 26, quinta, 16h00, King 1
Achard transporta-nos para a vida de uma família na sua quinta em decadência, à semelhança da própria estrutura familiar. Martin, um rapaz de 11 anos, assiste impotente à falência da família. Separada do mundo que a rodeia, a mãe vive fechada no quarto. O irmão mais velho, que ele adora, afoga as mágoas em álcool. O pai, é um espectador impotente do declínio da família. Nenhum dos membros parece “tecnicamente” louco, mas anos de desespero e o vazio existencial levam-nos à verdadeira tragédia da decadência desta família: a sua incapacidade de comunicar. Uma brilhante viagem pelo caminho sem retorno que esta família percorre num trágico e quente Verão.
Competição Curtas 6 89’
24, TERÇA, 18H15, KING 2 • 27, SEXTA, 00H15, KING 2
BUGCRUSH: Ben, que vive numa pequena cidade, começa a descobrir a sexualidade, mas esse não se revela um caminho fácil. Até ao dia em que conhece Grant, um rapaz fascinante que o vai conduzir até um mundo onde a alucinação se mistura com o sexo...
BIG BANG LOVE, JUVENILE A
Miike Takashi, fic., Japão, 2006, 85’
27, Sexta, 19h15, São Jorge 1
Ousado e profundamente emotivo, este filme irá certamente surpreender os fãs do trabalho de Takashi Miike e prender a atenção de todos os que procuram novas e introspectivas formas de contar histórias. Apesar da sua já vasta filmografia, o realizador continua a surpreender-nos. Mais uma vez actores e audiência são guiados através do labirinto da sua filosofia visionária. Enigmático e visualmente hipnotizante, BIG BANG LOVE, JUVENILE A capta a essência do universo moral de Takashi Miike como uma espécie de pedra preciosa rara, que brilha com uma intensidade ofuscante.
SHORTBUS
John Cameron Mitchell, fic., EUA, 2006, 102’
26, Quinta, 21h45, São Jorge 1
Várias personagens com algo em comum: uma vida emocional e sexual insatisfatória. Uma viagem, ao mesmo tempo trágica e cómica, pelos meandros de um bar especial. Uma terapeuta sexual que nunca teve um orgasmo, uma dominadora que não consegue manter relacionamentos, um casal gay que tenta decidir se deve ou não manter uma relação mais liberal, e as pessoas que entram e saem nas suas vidas. John Cameron Mitchell junta-os numa festa semanal chamada Shortbus, uma louca mistura de arte, música, política e de diversos desejos e fantasias sexuais. Um filme que aborda, com uma espantosa frontalidade, as novas formas de conciliar o racional com os prazeres da carne e as necessidades imperativas do coração. Uma interessante e franca abordagem à psique humana das novas gerações, no contexto das grandes cidades.
Observatório Curtas 3 87’
21, Sábado, 21h45, KING 2 • 23, Segunda, 15h30, KING 2
I JUST WANTED TO BE SOMEBODY responde-nos à pergunta: o que é que o direito religioso e o movimento de liberdade gay têm em comum? Ambos foram fortalecidos pelos esforços de uma mulher: Anita Bryant.
DESTRICTED
Sam Taylor-Wood, Richard Prince, Larry Clark, Matthew Barney, Marco Brambilla, Gaspar Noe, Marina Abramovic exp., Reino Unido/EUA, 2006, 115’
20, Sexta, 22h15, Fórum Lisboa • 28, Sábado, 22h15, Fórum Lisboa
Sete notáveis e aclamados artistas foram convidados a realizar curtas-metragens que espelhassem as suas visões sobre sexo e pornografia. O resultado é uma colecção de argumentos estimulantes e provocadores, livres de censura, com humor e apelo sexual. • Sync (Marco Brambilla) mostra um frenético exercício de montagem que alinha imagens de diversos filmes pornográficos, ao ritmo de um solo de bateria. • Death Valley (Sam Taylor-Wood) é a curta aparentemente mais simples, mas a sua crueza convida a diversas reflexões. • House Call (Richard Prince) transporta-nos para os anos dourados dos vídeos pornográficos, numa altura em que a pornografia no cinema ainda era tabu. • Balkan Erotic Epic (Marina Abramovic) relata com um humor desarmante os mitos sobre a fertilidade e a virilidade nos Balcãs. • Hoist (Matthew Barney) começa com um tractor transformado em carro alegórico para o Carnaval da Baía. Debaixo do tractor içado, um homem com o corpo repleto do que parecem ser pinturas tribais “lubrifica” o eixo com o seu próprio pénis. • We Fuck Alone (Gaspar Noé) : uma rapariga e um rapaz, em quartos diferentes, assistem ao mesmo filme pornográfico enquanto se masturbam. A abordagem quase iconoclasta faz com este acto tanto pareça sadio (rapariga) como doentio (rapaz). • Impaled (Larry Clark) faz um relato semi-documental de como o acesso fácil à pornografia determina os desejos da geração dos anos 80. Vários jovens entre os 19 e os 23 anos são convidados a falarem da sua experiência com a pornografia e das suas fantasias sexuais.
VIVA
Anna Biller, fic., EUA, 2007, 120’
21, Sábado, 00h30, KING 1 • 25, Quarta, 21h45, São Jorge 1
Viva conta as aventuras de uma dona de casa entediada que vai viver a revolução sexual que acontece na Califórnia, por volta de 1970. O filme tem muitas qualidades e encantos, que derivam em grande parte da forma exótica como foi pensado, com grande atenção aos detalhes (repare-se nos décors ultra coloridos, nos penteados e roupas). A realizadora passou alguns anos a coleccionar as roupas e adereços mais bizarros que encontrava. Os corpos dos actores fogem aos padrões actuais de beleza, também eles são exuberantes nas formas. Recriando o look dos filmes eróticos dos anos 70, Biller recorre a uma original e divertida forma para nos mostrar como tem sido retratada, ao longo dos últimos quarenta anos, a moralidade sexual e a liberdade feminina, pelos media, pela arte e pelo cinema. Irresistivelmente kitsch e camp, VIVA é merecedor do culto prestado aos mais loucos filmes de Russ Meyer e de John Waters.
V. O.
William E. Jones, exp., EUA, 2006, 59’
21, Sábado, 18h45, São Jorge 3 • 24, Terça, 23h30, São Jorge 3
V.O. combina imagens de filmes pornográficos homossexuais produzidos antes de 1985 com os diálogos de grandes clássicos da história do cinema, tais como “La Chienne” de Jean Renoir, “Los Olvidados” de Luis Buñuel, “Society of Spectacle” de Guy Debord e “Amor de Perdição” de Manoel de Oliveira. As colisões resultantes - por vezes cómicas, normalmente melancólicas - prestam tributo a uma época passada, não apenas da vida “gay”, mas também da cinefilia.
I DON’T WANT TO SLEEP ALONE
Tsai Ming-Liang, fic., Taiwan/França, 2006, 118’
26, Quinta, 19h00, Fórum Lisboa
Tsai Ming-liang, um dos mais conceituados realizadores de Taiwan, filmou este seu último filme na Malásia, país onde estão as suas origens. Rodado em diversos locais de Kuala Lumpur, a história centra-se nas divisões étnicas que existem naquela sociedade. A lembrar um pouco a história do “bom samaritano”, a personagem principal é um emigrante do Bangladesh, que vive miseravelmente mas mesmo assim compadece-se de um chinês que foi espancado e abandonado no meio da rua, e cuida dele. Quando este está praticamente recuperado conhece uma empregada de mesa, e a sua relação com o homem que cuidou dele vai ser posta à prova... Uma história sombria e carregada de desejos perversos que, apesar da sua quase dantesca abordagem, tem como base e fio condutor a emigração e a segregação a que os imigrantes estão sujeitos.
domingo, 1 de abril de 2007
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