sexta-feira, 13 de julho de 2007

Joias para bibliofilos

Costuma-se ouvir dizer que em Portugal os livros são um artigo de luxo. É uma afirmação verdadeira e falsa ao mesmo tempo. É certo que os idiotas dos editores portugueses nunca conseguiram perceber devidamente o conceito de livro de bolso, mas também nunca perceberam o conceito da edição de luxo. Em geral ficam-se pelo incómodo formato ligeiramente maior que A5 e com capas que nem são moles nem são rijas. Saem caras ao zé povinho e não ficam bem nas estantes de palacetes da Lapa.
Agora está metade do mundo pronto para os eReaders que serão sem dúvida para a edição de livros o que o iPod tem sido para a ediçao de música. É o livro de bolso a tornar-se obsoleto.
Sendo uma Editora digna desse nome, a Penguin, peregrina mundial do formato do livro de bolso, já está a disponibilizar grande parte do seu catálogo em formato digital. Mas, como não são de todo idiotas, o ano passado fizeram a sua primeira experiência no que se prevê vir a ser o outro lado do futuro do livro: a edição de luxo. Convidaram Designers para conceber edições limitadas e numeradas vendidas a preço de ouro (cerca de 180 euros cada exemplar).



Isto sim é perceber a mente de quem gosta de livros. Para um amante de livros só há dois tipos de edição que contam: a Descartável, capaz de ir para todo o lado e a Venerável, capaz de fazer justiça à preciosidade das palavras que contém.

Assim de repente não me lembro de nenhuma editora portuguesa que tenha percebido que a Bíblia é o fenómeno editorial mais digno de ser estudado.

PS - A edição da Penguin de "O idiota" é de génio. Aprendam, editores idiotas!!

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