O filme "Seahorses" do meu amigo Rahman Milani, a sua primeira longa metragem, teve direito a uma muito positiva crítica no jornal Variety (link no titulo do post). Rebento de orgulho porque sei o quanto lhe custou fazer o filme. Dedos cruzados para que passe num festival em Portugal. O filme conta a história de Mina, uma menina que, depois da morte da sua mãe, vai viver com o seu pai biológico Babak (interpretado pelo próprio Rahman) um iraniano gay, e o seu companheiro alemão Paul.
Estas grandes compilações que nos permitem espreitar para os quintais, sotãos, caves e arrecadações de uma banda conseguem por vezes revelar-nos a sua verdadeira grandeza. Eu sempre tinha visto os Eurythmics como uma daquelas bandas em que só interessavam 3 músicas por album. E na verdade são. Mas os seus restos descartados têm um encanto de experimentalismo pop absolutamente surpreendente. Estou fascinado pelas versões de Satellite of love (Lou Reed), Fame (David Bowie), Hello I Love you (Doors), Come together (Beatles), Tous les Garçons et les filles (de gajo françês cujo nome não sei, pardon). E as versões acústicas ao vivo são prova de que uma grande canção é sempre uma grande canção.
Diana Schmertz, uma pintora nova-iorquina que dirige uma pequena revista de artes plásticas (Perfect 8) referiu o meu trabalho num artigo em que se interroga sobre o papel do modelo na interpretação da obra de arte. Podem ler o artigo clicando no título deste post e depois uma visita a www.dianaschmertz.com também é um momento bem passado.
Isto não é de modo nenhum uma queixa, mas algo de estranho se passou... Por motivos burocráticos sou obrigado a usar a loja norueguesa do iTunes em vez da portuguesa. Em termos práticos quer isto dizer que posso comprar mais música escandinava mas que com a história dos câmbios pago 10,4 euros por album em vez dos 9,9 euros que se paga em Portugal (mas podia ser pior - os ingleses pagam 14!). Hoje enquanto abanava a carola ao som de Sweet Dreams, o sempre atento iTunes lembrou-se de me recomendar a colectânea "Boxed" que inclui todos os singles dos excelentíssimos Eurythmics remasterizados, lados b, versões raras, versões ao vivo, remixes e o diabo a quatro. Um total de mais de 120 canções... pelo preço de um album normal! 10 euros por 120 canções - ou algum estagiário fez burrada a inserir o disco na loja ou os Eurythmics são uns tipos muito porreiros, amigos cá da malta. Uma pesquisa pelas diferentes lojas iTunes mostra-me que esta colectânea não está disponível nem em Portugal nem nos EUA mas que o mesmo "erro" aconteceu por exemplo no UK e na Alemanha (onde aliás a pechincha é maior, a 9,9 euros). Quem gostar de Eurythmics e conseguir acesso às lojas iTunes que vendem esta caixa, aproveite. A caixa "real" na amazon custa cerca de 93 euros. Oh, como eu gosto de uma pechincha!
UPDATE - ok, foi mesmo erro do sistema, hoje a loja do iTunes já tinha dado pela asneira e o preço foi actualizado de 80 coroas para 480! Já estou mesmo a ver a Annie Lennox a puxar as orelhas a alguém lá na Apple. O mundo é injusto, mas quer-me parecer que esta foi a primeira vez que foi injusto a meu favor. Acho que vou tricotar um cachecol para a Annie em compensação...
E para quem já se esqueceu de como os Eurythmics podiam ser geniais, aqui fica uma das suas grandes canções (e um dos seus videos mais ranhosos, mas enfim...)
É sempre bom saber que houve gente que ouviu muito New Order e Echo and the bunnyman durante os anos 80. Pelo menos eu e os The Mary Onettes. Soam tanto ao meu verão de 1989!
Concerto do Rufus Wainwright - O album novo não me anima especialmente mas o homem está cada vez melhor ao vivo. Final transvestido e translumbrante. (As t-shirts da tourné eram bem giras, mas 25 euros?! O bilhete do concerto custava 20! porque raio tem de ser o recuerdo mais caro que a coisa em si? Ainda se fosse uma colcha ou um atoalhado...)
Cafés Starbucks - muito gosto eu dos frappucinos e dos moccas de chocolate branco. Ainda bem que não existem em Portugal!
Peça da autoria do amigo - ver post anterior
Paella da autoria do amigo - e eu nem gosto de lulas!... Mas calei-me, comi e gostei.
Museu do Prado - Viva a entrada grátis aos domingos. Uma rapidinha para (re)ver Ribera, Goya e Bosch (ou el bosco, para os monoliticos espanhóis que só sabem pôr plaquinhas e textos em castelhano)
Fnac - onde descobri as novas edições super-design de luxo da penguin que vêm dentro de umas caixinhas de acrílico que é para não se tocar na obra de arte. Babei-me todo com a edição de Crime e Castigo em papel kraft.
Esplanadas de sitios xungas - onde me roubaram 6 euros por uma coca-cola e uma água quando o que eu queria era só uma desculpa para usar a casa de banho e descansar as cruzes.
Chueca pride - Onde se atravessa a rua assim:
E um dos meus quadros encontrou um novo lar. Está bem entregue. Adios mi niño!
Lá faltei a mais um arraial e marcha, desta vez para ir a Madrid visitar amigos e ainda apanhar as últimas representações da peça escrita por um deles (Gabriel Olivares). "El dia del padre" é uma simples e despertenciosa comédia de situação mas tem a mais valia de pôr debaixo do microscópio (quase literalmente) a competitividade entre homens, o seu instinto paternal e a sua relação com o esperma (e formas de o obter e utilizar). É refrescante ver uma comédia que se debruça exclusivamente sobre o universo masculino e o desejo de paternidade. Com muito orgulho (embora sem marcha) posso já anunciar que esta peça escrita pelo Gabriel foi comprada por um produtor português e provavelmente terá a sua estreia lisboeta no final deste ano no Teatro (ex-cinema) Mundial. Lembrem-se de ir - é divertimento garantido e nem precisam de deixar o cérebro em casa.
É claro que o filme não há-de ser melhor que o livro (que é uma obra prima) mas o filme tem o rabo do Daniel Craig que, mesmo só visto de relance por 1/4 de segundo e dentro de umas calças de sarja castanha neste trailer, steals the show por completo. Quem precisa de efeitos especiais?
Numa altura em que toda a gente só consegue encontrar defeitos e problemas na CML aqui vai um post contra a corrente:
Não sei de quem é a responsabilidade, mas como morador de rua pitoresca em bairro tipico de Lisboa, gostaria de agradecer à CML por hoje às 7 da manhã a minha rua já estar varrida e lavada, sem qualquer rasto da noite de deboche alcoolico que o santo patrocina anualmente. É o primeiro ano em que nem sequer dei pelo mijo, vómito, garrafas partidas e amontoados de copos de plástico que normalmente ficam como lembrança de uma noite bem passada pelos milhares de cidadãos que vêm apreciar o que de melhor esta parte da cidade tem para oferecer. Voltem sempre! (os senhores do lixo e da mangueira da CML)
PS- Já agora, não querem aproveitar essa pica toda para finalmente desentupirem as sarjetas da rua como deve ser?
Lisboa num fim de semana entre feriados. Sábado de manhã. Apenas os pássaros a gritarem para as pedras das calçadas antigas do bairro do castelo. Uma aragem fresca antes de um dia ardente como quem suspirasse antes de voltar a uma resignação antiga.
Berlim a altas horas da noite num dia de semana. As largas avenidas mal iluminadas de tão largas que são. A sensação de que talvez nunca ninguém voltará a acordar, nem sequer o sol. E de que isso não importa lá muito.
Oslo a primeira neve do ano a cobrir os passeios e as ruas, intocada por pneus ou sapatos. A noite transformada num grande segredo branco. O mais precioso e absoluto silêncio.
Oaxaca o sol implacável do meio dia num rua lateral e proletária que parece não ir terminar nunca nem ter transversais. Seguir os cães na esperança de encontrar gente. Saber que não se pertence mas ser dono de tudo.
...
É bem provavel que só se conheça a verdadeira natureza de uma cidade quando a vemos despida dos seus habitantes.
Nasceu em 1973. Trabalha como Designer Gráfico. Em 2003 publicou o seu primeiro romance, "Olhos de Cão". //
Born in 1973. Works as Graphic Designer. Published the novel "Olhos de Cão" in 2003.