Às vezes tenho sonhos esquisitos, mas o desta noite bateu um recorde qualquer.
Aqui vai, em poucas palavras:
Estava em casa de um tio meu, que morava numa ilha, numa grande mansão com um enorme terreno de cultivo à volta. O meu tio explicava-me que tinha descoberto uma nova religião e que as pessoas da ilha estavam a aderir ao culto que ele tinha inventado para prestar homenagem às entidades sagradas que tinham começado a aparecer num dos seus campos de batatas.
Consistia o culto em fazer-se enterrar-se vivo com dinheiro ou jóias durante a noite. A certa altura, as entidades sagradas emergiam do chão e levavam consigo as riquezas, deixando os fiéis purificados.
Eu ri-me disso mas o meu tio obrigou-me a ir para o campo e eu passei muito tempo a tirar terra de uma sepultura já muito usada pelos fiéis para me poder enterrar. Quando finalmente me deitei lá, já era de noite, eu estava cansado e adormeci. Depois de muito tempo no escuro, é-me apontada uma forte luz branca à cara e começo a sentir um zumbido nos ouvidos que cresce até se tornar absolutamente insuportável ao ponto de parecer que me vou derreter como se fosse feito de cera. A única fuga possível é pensar que isto é apenas um sonho e tentar acordar. Tento acordar mas não consigo. Tento gritar mas tenho a boca cheia de terra.
No momento em que julgo que me vou mesmo derreter porque não é possível aguentar mais, a luz e o som param e à minha frente vejo vários homens com lanternas e instrumentos estranhos. Explicam-me que são eles o responsáveis por aquele culto e religião, que é tudo uma fraude para tirar dinheiro a velhinhas. Estão admirados porque sou a primeira pessoa a ir para ali sem nada para lhes dar. Por isso resolvem que eu posso continuar vivo. Desaparecem por um túnel escavado por baixo do campo de batatas e eu resolvo segui-los para tentar recuperar o ouro que roubaram à velhinhas. O túnel leva-me a longos corredores de azulejo em xadrês, grandes salões com candelabros de cristal onde não se vê ninguém. Cada vez que ouço um ruído, escondo-me. A certa altura começo a flutuar incontrolavelmente e só consigo seguir em frente agarrando-me ao tecto e ganhando balanço para deslizar em frente.
Chego finalmente a uma gruta onde os deuses/ladrões estão todos reunidos a dançar em volta do ouro que roubaram. Não me vêm porque eu estou no tecto. Eu olho para o ouro e tenho a impressão de que afinal são só batatas. Nesse momento os ladrões percebem o mesmo e vão-se embora muito desiludidos porque não gostam de batatas. Eu volto a ser vítima da gravidade e caio no meio das batatas que gostam daquele sítio e por isso já estão a grelar. Depois acordo.
quinta-feira, 4 de janeiro de 2007
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6 comentários:
daniel, o catálogo pode ser comprado em alguma livraia no norte do país? digo, porto?
seria muito bom, uso pouco a internet para transacções e queria muito adquirir o livro.
abraço
Agora on-line em formato blog a Revista F.I.M. - Festivais de Imagem em Movimento, sobre Cinema e Festivais de Cinema em http://revistafim.blogspot.com/
Valter: infelizmente o catálogo das minhas pinturas só está disponível para compra via net.
Mas posso garantir-te que o lulu.com funciona bastante bem, não tenho tido quaisquer problemas com os pagamentos nem com a entrega das encomendas.
Daniel
depois de ler o teu post, chego à conclusão que não sei sonhar...
Nunca consigo encadear as múltiplas idéias que um sonho me transmite e muito menos, dar-lhes a riqueza de promenores que aqui encontro.
Um abraço.
Toda a gente sabe sonhar! Sonhos com fio narrativo é que são uma coisa rara. Este escrevi-o assim que acordei, que é a único momento em que ainda fazem um mínimo de sentido. É muito raro ter-se assim uma percepção total de um sonho por isso precisava agarrá-lo.
Se te serve de consolo: só nos lembramos dos sonhos quando estamos a dormir mal.
Andar a ler As Aventuras dos Cinco no natal, dá nisto! :P
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