ontem revi o filme "E a tua mãe também" que tinha visto no cinema há cerca de 4 anos. É curioso como agora percebi o filme de uma maneira diferente.
Na altura irritou-me um pouco a voz off que entrava frequentemente para dar pormenores da vida e dos destinos de personagens que não tinham nada a ver com a história que estávamos a ver. Parecia-me irrelevante.
Agora é que percebi que a história principal é que é quase irrelevante e que o que o filme faz não é um retrato de 3 personagens mas que antes usa essas 3 personagens para fazer um retrato do México enquanto país e sociedade.
Para além dessa voz off e desses comentários, a câmara está sempre a olhar para o lado, para a janela. Muito mais do que para as personagens.
As personagens vivem um momento especial, uma viagem que está quase fora do tempo, das convenções sociais e do próprio espaço. O carro é como uma cápsula que os protege do exterior, e mesmo quando saem daí, o núcleo das 3 personagens está completamente fora do resto do mexico que os rodeia mesmo que interaja com ele, como por exemplo na crucial cena final em que os 3 se embebedam numa mesa longe da outra mesa dos pescadores.
E ao ver o filme desta maneira, o que a principio me tinha parecido uma comédia sexual transformou-se numa tragédia social.
Gosto tanto quando a minha percepção das coisas dá uma cambalhota...
quarta-feira, 31 de agosto de 2005
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