Do meu sapatinho deste ano destaco a ediçao "final cut" do filme Blade Runner. A caixa é linda, a nova versão tem imagem e som imaculados, o Vangelis já ganhou patine e nem soa pires, o "making of" é mega interessante e os bloopers com a pombinha são hilariantes. Porque é que não se faz mais FC deste calibre? Tenham um bom ano novo.
Os gajos da caravana têm finalmente um concerto lisboeta agendado - 18 de Janeiro no Music Box, ao Cais do Sodré. Espera-se que até lá já haja merchandising - umas impressões das minhas ilustrações, numeradas e assinadas.
Para quem quiser, basta clicar na foto para ter uma versão grande, capaz de preencher com muito estilo o fundo do ecrã do vosso computador. E se alguém perguntar de quem é, vocês respondem que é de quem vos ama.
Hoje em Massamá estive numa gráfica onde são impressos livros para três grandes editoras (e mais algumas). A olhar para pilhas e pilhas de livros fresquinhos e feios tive uma epifania. O que me irrita em muitas capas de livros é quando passam a ser panfletos publicitários. Como gente que se vestisse de roupa feia com as etiquetas de nomes de marcas sonantes de fora a justificar o horror. Prémio não sei quê, não sei quantos mil exemplares, fulano achou isto o máximo, traduzido para uma data de línguas, autor também escreveu o outro livro, mais o logo lindo da editora em tamanho gigante...ah sim, e o título e o nome do autor. E atrás das letras pode estar um boneco a tornar a leitura mais difícil.
Em 1996 trabalhei em Massamá. O meu primeiro emprego, ou pelo menos o primeiro digno desse nome. Durou até me despedir. Lembro-me que andava a ler as crónicas de Thomas Covenant, the unbeliever. Ao almoço comprava uma sande e ia para um jardim ler. Era um bom escape. Hoje voltei a Massamá a trabalho, para ver um livro a ser impresso. Foi bom ver que as árvores de Massamá cresceram e que algumas quase conseguem tapar os prédios. Os prédios de Massamá lembram-me as pilhas de energia humana do Matrix. Há ali qualquer coisa que me drena a energia toda.
Há muito tempo que não me desgraçava tanto na livraria, principalmente a comprar livros em português. Hoje abri a bolsa para três excitantes clássicos incontornáveis da literatura, finalmente bem traduzidos para português. O "Kalevala", numa edição linda da esclarecida Saída de Emergência
"O vento nos Salgueiros", numa edição linda da Tinta da China
e "Pedro Páramo" numa edição feia da Cavalo de Ferro. Mas pronto, o livro é tão bom que se lhe perdoa a capa...
Só ontem é que vi Breaking and Entering, um filme do Anthony Mingela (o paciente inglês) que passou um pouco despercebido nas salas de cinema em 2006. É uma pena. É um filme excelente e a Juliete Binoche tem (mais) um ponto alto da sua carreira. Aliás todos os actores vão muito bem incluindo (quem diria!) o Jude Law. O trailer tenta vender um outro filme. Curiosas estas tacticas de venda. Quem quiser ver o filme do trailer vai ficar muito desapontado quando vir a coisa em si. Os outros correm o risco de descobrir uma rara pérola. Bonitos créditos finais ao som dos Sigur Rós.
Agora sim, com autorização e tamanho mais decente, as ilustrações da Manuela Bacelar, do seu livro sobre a menina com dois pais. A editar brevemente pela Afrontamento.
Estou completamente fascinado pela nova secção da loja iTunes, o iTunes U, onde uma série de universidades americanas disponibilizam gratuitamente sob a forma de pod casts video ou audio diversos cursos, seminários, conferências, debates e concertos.
Analisar e escrever argumentos de jogos de video? São 23 aulas na Universidade Vanderbilt
Ouvir uma conversa de Leonard Cohen com o Philip Glass? É na universidade de Stanford
Tudo o que é preciso saber sobre Heidegger? É um semestre em Berkeley
E que tal grandes interpretações de concertos clássicos pelos alunos de Yale? Ou as composições originais de alunos da Seattle Pacific University?
E poemas de autores contemporâneos lidos e analisados à hora de almoço em Berkley?
Da mecânica quantica à analise do impacto económico da Starbucks. É o admirável mundo contemporâneo e a universidade completamente aberta.
"Se a arte não for um remédio para a sociedade, é um veneno"
Alejandro Jodorowsky é principalmente conhecido em Portugal como argumentista de BD, responsável por marcos tão incontornáveis dessa arte como as séries do Incal (desenhada por Moebius), Cara de Lua (desenhada por Buoq) ou A casta dos Metabarões (desenhada por Juan Jiménez). No entanto a sua actividade artística começou no teatro e no cinema e, para alegria e deleite dos seus fãs, ficou recentemente disponível em DVD o filme "The Holy Mountain" de 1973. Ver um filme feito no preciso ano em que nasci impôe-me claramente um perspectiva histórico-cultural, mas este filme chegou-me aos olhos como uma das obras cinematográficas mais estimulantes que vi em toda a minha vida. É certo que se acham muitos pontos de contacto com Pasolini, Fellini e outros similares dessa safra dos anos 70 até ao David Lynch dos anos 80/90 (com quem, aliás, Jodorowsky trabalhou em "Dune"), mas o que o destaca enquanto autor e torna o "esquecimento" da sua obra cinematográfica numa tremenda injustiça é a capacidade de tecer as suas cenas de surrealismo delirante (e visualmente visionárias (perdoem o pleonasmo)) numa narrativa coerente e singularmente lúcida. Principalmente porque é um contador de histórias visuais que não atrasa a narrativa por se apaixonar pelas suas próprias imagens (o pecado fatal de muito realizador português). Toda a pirotecnia visual acontece derivada de um propósito narrativo. Nada é gratuito, percebemos no final. "The Holy mountain" é daqueles filmes que não se acredita que existam até se ver com os próprio olhos. Mas a sua maior qualidade, e o que torna suportável e relevante toda a violência, escatologia, profanidade e bizarria, é uma profunda, intensa e sensível humanidade. Vejam. Pelo menos garanto que não se irão aborrecer.
Isto é daquelas coisas que não se deve fazer, mas não resisto. Chegou ao meu email uma antevisão das ilustrações da Manuela Bacelar para um livro sobre uma menina que tem dois pais. O meu coraçãozinho derreteu-se todo. Quando souber mais pormenores sobre titulo, editora e data de publicação, aviso. E quando me derem autorização, ponho aqui as imagens maiores, que são lindas.
O espectáculo "A barca de Veneza para Pádua" deveria ter acabado no passado Domingo mas continua em cena. A razão: muito justificada enchente de público para ver uma obra rara e de rara qualidade. Uma "quase-ópera" renascentista (madrigais entremeados de representação, que naquela altura ainda não havia o conceito ópera) encenada num misto comedia del arte com novo circo. Emocionante, divertida, inspiradora e inspirada.
Teatro da Comuna às 22h - Telefonem para o 961345181 ou 919076996 para informações e reservas.
Nasceu em 1973. Trabalha como Designer Gráfico. Em 2003 publicou o seu primeiro romance, "Olhos de Cão". //
Born in 1973. Works as Graphic Designer. Published the novel "Olhos de Cão" in 2003.